domingo, 13 de agosto de 2017

STERNSTUNDEN *

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A actual crise da Coreia do Norte decorre do facto dos três presidentes anteriores dos Estados Unidos serem incapazes de impedir Pyongyang de adquirir energia nuclear e mísseis. De acordo com os serviços de informação americanos, tais aquisições levariam, pelo menos, cinco anos a concretizar-se. Na realidade, Kim Jong-un tem hoje as duas coisas: mísseis intercontinentais e uma arma nuclear suficientemente pequena para ser transportada por eles. A partir daqui, não admira se disparar uma bomba atómica sobre S. Francisco na próxima semana, o que significa o fim da era da não-proliferação das armas nucleares.

Neste momento, o confronto com Kim Jong-un é arriscado; mas não mais arriscado que o confronto com Khrushchev e Fidel em 1962, quando a terceira guerra mundial foi uma possibilidade. E a China, provavelmente, não fará nada se os Estados Unidos não tentarem mudar o regime e unificar as Coreias.
Stephen Zweig escreveu algures que a História é a simples adição indiferente de elos a outros elos, numa enorme corrente que se estende por milénios. Só ocasionalmente ocorre um momento crítico, decisivo para décadas, mesmo séculos, que muda tudo — um sim, um não, um demasiado cedo ou tarde pode fazer essa hora irrevogável para centenas de gerações. Zweig chamou-lhe Sternstunden, o que em português significa qualquer coisa como "momentos estelares". Esperamos que esses crânios que respondem por Kim Jong-un e Donald Trump não sejam os intérpretes de um 
Sternstunden no Século XXI, que é o nosso.
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* Adaptado de um texto de Niall Ferguson, publicado hoje no The Sunday Times.
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