Paulinho das Feiras tem andado calado, viaja muito e ninguém sabe o que faz - sabiamente, guardou até agora o prudente silêncio de Conrado. Subiu, por isso, no ranking da opinião pública. Mas...
Mas, há três dias abriu a boca na Madeira e perdeu excelente oportunidade de continuar fiel a Conrado - Paulinho falou, Paulinho asneou. Disse o homem que em Portugal mais a sério leva o próprio Paulinho: "Não se pode pretender que o sector privado tem, no problema do défice, a mesma responsabilidade que o Estado". Queria ele dizer que o Senhor António, canalizador de profissão, que contabilisticamente tem prejuízo desde que começou a trabalhar por conta própria e não paga IRC por isso, nem passa facturas aos clientes e não cobra o IVA para não espantar a freguesia, não tem a mesma culpa do estado a que o Estado chegou que o Senhor Joaquim, porteiro do Ministério das Finanças, responsável pela condução das políticas desastrosas que levaram a Nação à bancarrota. Ah, ganda Paulinho!...
A média das remunerações no Estado pode ser superior à do
sector privado (não sei se é), mas não é preciso ser sociólogo brilhante para
perceber que grande parte da mão de obra pública é de quadros qualificados,
como professores, médicos, juízes, engenheiros e por aí fora, em percentagem
muito superior aos privados que têm muito mais mão de obra sem qualificação.
E que, se considerarmos a remuneração dos quadros do Estado, ela é
muito inferior à dos privados - ninguém vence como os administradores dos
bancos, das empresas de comunicações, de transportes, blá, blá, blá.
Além de que Paulinho está a contribuir para uma coisa
perigosíssima na fase que o País atravessa: Paulinho começa a pôr portugueses
contra portugueses, muito mau quando todos começam a ralhar e todos começam a
ter razão, ao contrário do que diz o provérbio.
Daqui mando um recado sábio e prudente a Paulinho das
Feiras: se lhe for possível, cale a boca.
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