[...] O esforço que o País está a fazer, assumindo medidas de austeridade duríssimas, para consolidar as suas contas só continuará a ter o apoio da maioria dos portugueses se eles sentirem que nesta tarefa não há filhos e enteados. Num momento em que muitos cidadãos comem o pão que o diabo amassou, quem governa tem de dar um exemplo de lisura acima de qualquer suspeita. Em todo o momento o dinheiro público tem de ser gerido com o máximo de responsabilidade e em momentos de crise grave como o que vivemos não pode haver a mínima falha.
Olhemos para dois títulos da primeira página de ontem do Expresso: "Condenados do BPN gerem fundos do Estado" e "Ex-sócio de Moedas gere rendas sociais". Gente inibida de trabalhar em instituições financeiras, e que teve responsabilidade num buraco de milhares de milhões de euros que os contribuintes têm de pagar, foi escolhida para gerir o dinheiro desses contribuintes. Pode haver muitas e boas explicações, mas para o comum dos cidadãos isto é simplesmente inaceitável. No segundo caso é o amigo de um governante que foi escolhido pelos bancos para liderar um fundo de milhões que visa tornar um sucesso o mercado de arrendamento social para imóveis que estão parados nas mãos do sistema bancário. Podem apresentar-se todos os méritos do escolhido, mas para o comum dos cidadãos isto é traficância política e isso é inaceitável. [...]
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Paulo Baldaia in "Diário de Notícias"
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