Em 1976, Richard Dawkins criou o termo "meme" para aplicar a figuras, factos, fenómenos, doutrinas, movimentos,
aparelhos e por aí fora, que se transformaram em unidades de informação
universalmente compreendidas e, por isso, frequentemente usadas em metáforas.
Hoje, no "Diário de Notícias", Paulo Baldaia escreve: Num momento em que muitos cidadãos comem o
pão que o diabo amassou, quem governa tem de dar um exemplo de lisura acima de
qualquer suspeita. Lá está o meme "pão
que o diabo amassou" na metáfora. Os exemplos possíveis são dezenas, centenas,
milhares, muitos milhares a caminho dos milhões.
O meme é nacional e muitas vezes internacional, de tal
modo que o cidadão de Moscovo percebe na perfeição o que o interlocutor da
Patagónia quer dizer se fala em "fumar o cachimbo da paz", em "007", "extraterrestre", dívidas e preços "astronómicos". Em muitos casos o utilizador
do meme usa-o apropriadamente porque sabe para que serve, mas não tem a mais
pálida ideia do que é de facto. Por exemplo, "buraco negro" é algo
que devora tudo à sua volta, fazendo-o desaparecer definitivamente; mas quantas
pessoas usam a expressão com acerto e não sabem o que é um buraco negro? Ou uma galáxia? Ou as
guerras de Alecrim e Manjerona?
O conceito de meme foi muito apurado por Dawkins que analisou o
seu papel na actividade mental, nomeadamente na memória e no raciocínio. Há
quem pense só com memes, ou quase. Por exemplo os políticos batem recordes. E
quais são os memes mais queridos dos políticos, quais são? Claro, é isso mesmo:
o fascismo, o rapaz Hitler, o nazismo, Stalin e o stalinismo e,
curiosamente, o rapaz Mussolini não -
está tudo estudado e confirmado.
Meme é uma muleta mental, a maior parte das vezes um
lugar comum mais rasca que os de Arménio Carlos. Mas quem estiver isento do pecado atire a primeira pedra.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário