domingo, 1 de julho de 2012

MEMES

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Em 1976, Richard Dawkins criou o termo "meme" para aplicar a figuras, factos, fenómenos, doutrinas, movimentos, aparelhos e por aí fora, que se transformaram em unidades de informação universalmente compreendidas e, por isso, frequentemente usadas em metáforas. Hoje, no "Diário de Notícias", Paulo Baldaia escreve: Num momento em que muitos cidadãos comem o pão que o diabo amassou, quem governa tem de dar um exemplo de lisura acima de qualquer suspeita.  Lá está o meme "pão que o diabo amassou" na metáfora. Os exemplos possíveis são dezenas, centenas, milhares, muitos milhares a caminho dos milhões.
O meme é nacional e muitas vezes internacional, de tal modo que o cidadão de Moscovo percebe na perfeição o que o interlocutor da Patagónia quer dizer se fala em "fumar o cachimbo da paz", em "007", "extraterrestre", dívidas e preços "astronómicos". Em muitos casos o utilizador do meme usa-o apropriadamente porque sabe para que serve, mas não tem a mais pálida ideia do que é de facto. Por exemplo, "buraco negro" é algo que devora tudo à sua volta, fazendo-o desaparecer definitivamente; mas quantas pessoas usam a expressão com acerto e não sabem  o que é um buraco negro? Ou uma galáxia? Ou as guerras de Alecrim e Manjerona?
O conceito de meme  foi muito apurado por Dawkins que analisou o seu papel na actividade mental, nomeadamente na memória e no raciocínio. Há quem pense só com memes, ou quase. Por exemplo os políticos batem recordes. E quais são os memes mais queridos dos políticos, quais são? Claro, é isso mesmo: o fascismo, o rapaz Hitler, o nazismo, Stalin e o stalinismo e, curiosamente,  o rapaz Mussolini não - está tudo estudado e confirmado.
Meme é uma muleta mental, a maior parte das vezes um lugar comum mais rasca que os de Arménio Carlos. Mas quem estiver isento do pecado atire a primeira pedra.
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