O governo deve procurar apoio no cidadão mais vil, o que tem alguma coisa de que se reprovar, porque o facto de ter um emprego público tornar-se-á seu brasão e, como sabe que não deve a posição ao mérito próprio, mas somente ao favor discricionário do Príncipe, será obrigado a ser fiel em todas as circunstâncias; enquanto o honesto pode considerar-se em condições de assumir comportamentos independentes.
Assim escreveu Nicolau Maquiavel, em 1513, no livro "O Príncipe". Passados quase quinhentos anos, e olhando à volta, constatamos que, não obstante existir a Estação Espacial Internacional, o Telescópio Espacial Hubble, ter-se descodificado o genoma humano, chegado à Teoria das Cordas e quase ter descoberto o bosão de Higgs, o homem mudou pouco. Afinal, são os rascas, os vis, os pseudo-maçons, os correligionários, os diplomados com títulos académicos "comprados" com favores do Estado, que continuam a servir o Príncipe. E os honestos, que se cuidem como puderem, porque devem ser mantidos à distância, não vá passar-lhes pela cabeça qualquer fumaça de independência, na forma da contestação, denúncia de escândalo, ou pressão para fazer funcionar a Justiça.
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