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[...] Quando a história se repete, dizia Marx, depois da
tragédia vem a comédia. Assim é, mais uma vez. Mas ao transformar a tragédia da
licenciatura de José Sócrates numa comédia, Miguel Relvas faz mais: ele
banaliza o que ainda assim se supunha excecional, reforçando o dano brutal que
tudo isto tem causado ao País. Arrastando assim a classe política para um
patamar inédito de descredibilização, como se toda ela se dividisse entre
suspeitos e culpados, entre cúmplices e reféns. [...]
A nota desafinada do Professor Carrilho, neste caso, é a
insinuação de que a classe política em Portugal - falo só na que conheço - não "se
divide toda ela entre suspeitos e culpados, entre cúmplices e reféns". Quem são os outros, Professor Carrilho?
Faço-lhe a justiça de o considerar entre esses outros, mas o Senhor também foi
levado pela força da mediocridade reinante, que vai atirando para a prateleira quem
tem alguma estatura - e são muitos! O que ficou foi um grupo de jotinhas,
políticos de chocadeira, alimentados desde o biberão com caciquismo, incultos e
sem experiência da vida, diplomados por universidades particulares criadas para vender
diplomas a troco de favores políticos e dinheiro mal ganho.
O Senhor reconhece depois que o seu PS, ou o ex-seu PS, também
está metido nisto até aos colarinhos, do que ninguém tem dúvidas. Perante tal
quadro, acha que nas próximas décadas alguém decente e com estatura para governar
um país se vai apresentar a alguma eleição? Quem está nessa situação talvez
ainda vote, no máximo para guardar as aparências. Mas tenho a certeza que o
faz com uma mola no nariz.
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