O Eva Restaurant, uma manjedoura fina de 40 lugares perto de Los Angeles, teve a feliz ideia de anunciar nas ementas que os clientes beneficiam de desconto de 5% se desligarem os telemóveis e os entregarem à guarda de uma assistente que os devolve depois do repasto pago.
Acho óptimo, mas há uma coisa ainda melhor para assegurar a tranquilidade dos comensais, pelo menos nas manjedouras nacionais—a instalação dum recanto insonorizado, onde uma diligente assistente dê a papa às crianças que guincham e são quase todas em Portugal. Não sou nenhum Marco Polo, mas já estive em muitos sítios e nunca visitei pátria alguma onde os petizes guinchassem com a perfeição dos portugueses perante a total indiferença dos pais—somos os campeões do mundo do guincho infantil.
Frequento um desses lugares, onde o neto do proprietário
dava regularmente concerto aos domingos, perante a indiferença da mãe e a
passividade do pai. Até ao dia em que o número de clientes a anunciar que nunca
mais lá iam ouvir guinchos e comer polvo à lagareiro, se tornou preocupante.
Aí, acabaram os guinchos porque a criança sumiu—provavelmente, foi guinchar
para casa de alguns avós que, por serem menos modernos, já terão dado uns
"caldos" no petiz a fim de lhe acalmar os nervos.
É que há normas de psicologia infantil que só os antigos
conhecem; e muita coisa anda mal neste mundo porque as novas gerações de
educadores não as conhecem. Aliás, a questão em Portugal não se põe só com o
guincho infantil. Infelizmente, é com muitas outras coisas que vêm do berço—e
o resultado está à vista. Faltam psicólogos infantis que não sejam de escolas
tipo escola pedagógica da Ana Benavente. Tal e qual!
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