O Professor Martelo disse hoje que, caso fosse membro do Governo, "não pedia coisa nenhuma" à troika porque "pedinchar é a pior coisa que se pode fazer" para conseguir os objectivos. E acrescentou que se deve deixar a troika descalçar a bota que nos mandou calçar — o estilo literário é meu, mas anda perto do que disse.
Estou completamente de acordo, embora ao Professor a minha opinião interesse tanto como a de Jerónimo de Sousa interessa a mim. Houve uns alarves megalómanos e semicultos — pior que a ausência de cultura, só mesmo a meia-cultura — que puseram Portugal de cócoras, com as calças na mão e a caixa das esmolas humilhantemente estendida à caridade internacional, coisa que deixou de existir há muito tempo. Para não passarmos fominha, tivemos que nos sujeitar a regras ruinosas cujo resultado está à vista. Felizmente, cumprimos as pessegadas da troika escrupulosamente, o que nos dá margem para lhes perguntar: Agora, cara, conta para a gente o que se faz a seguir?
Se tivéssemos andado
a fazer variações, iríamos ouvir que a culpa da situação actual era das
variações. Assim, a bola fica do lado deles. Apesar deste mundo ser cão, ainda
não chegou ao ponto canino — penso eu — de poderem ignorar a borrada que
fizeram.
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