A SIBS reagiu à intenção dos supermercados Pingo Doce quererem terminar com os pagamentos a débito e crédito para compras inferiores a 20 euros. Na opinião da empresa processadora de pagamentos uma acção desta dimensão "resulta, em última instância, no sacrifício do bem-estar dos consumidores, reduzindo-lhes a segurança e comodidade nos pagamentos".
É verdade! A SIBS tem razão. Mas esqueceu-se de acrescentar que uma acção desta dimensão também resulta no prejuízo dos seus pingues lucros e isso é que a preocupa, não o sacrifício do bem-estar dos consumidores e a segurança e comodidade nos pagamentos. Chama-se a isto um viés de argumentação. O que a empresa tem de demonstrar é que, com os custos operacionais que tem — incluindo os custos do investimento — e para ter uma margem de lucro aceitável, não pode reduzir as comissões cobradas. Mas a SIBS prefere não falar disso porque é matéria delicada. É mais fácil usar o bem-estar, a comodidade e a segurança nos pagamentos feitos pelos clientes, preocupação que nos comove até às lágrimas.
A SIBS é uma
estimável empresa que pôs a funcionar em Portugal uma das melhores redes de
multibanco do mundo — ninguém discute tal realidade. Mas isso não dá à SIBS o
direito de impor comissões leoninas aos comerciantes. Enquanto a média europeia
para operações por multibanco é de 0,42%, a SIBS cobra aos supermercados 0,8%!
Não pode, porque é exactamente aí que ganha muito dinheiro. Somos parvos ou quê?
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