2º cidadão—Essa agora! Que têm os buracos negros a ver com os subsídios?
1º cidadão—Não é isso—não é com os subsídios; é com a atracção sobre os pés e
a cabeça.
2º cidadão—Já entendi! O Orçamento do Estado é um buraco negro.
1º cidadão—Parece; é um sorvedouro que chupa tudo, até a luz. Mas não é disso
que falo. O que queria dizer é que um homem—e também uma mulher!—na superfície
dum buraco negro, cuja força da gravidade é bruta, é puxado de forma tão
violenta e desigual que se desfaz: as barbatanas inferiores separam-se da posta
do meio e espalmam-se no chão, o pescoço
é esmagado contra a posta do meio e solta-se da cabeça, como o eminente poeta
Gilder de Bierce, e o crânio esvazia o encéfalo.
2º cidadão—Já sei! O Vítor Gaspar fez o Orçamento num buraco negro.
1º cidadão—Custou a perceber! O
homem tinha o crânio vazio pela força de Newton—pode perceber muito de
Economia, mas em Física é uma nulidade.
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