Quando o material que veio a formar a Terra condensou, esta
estava muito quente e não tinha atmosfera. Só posteriormente começou a
formar-se, a partir de gases libertados pelas rochas. Mas essa atmosfera não
tinha condições para viverem seres como nós, mesmo depois do planeta arrefecer—era
constituída por gases tóxicos para o homem, como o sulfureto de hidrogénio que
dá o cheiro aos ovos podres. Mas, na profundidade dos oceanos, supõe-se que por
combinação aleatória de átomos, formaram-se grandes moléculas—macromoléculas—capazes
de promover a reunião de mais átomos para constituir moléculas semelhantes a elas:
era a capacidade de reprodução, princípio elementar da vida. Por vezes,
provavelmente com frequência, a síntese dessas moléculas fazia-se de forma
diferente, disso resultando moléculas com pouca ou nenhuma capacidade de se
reproduzirem e desapareciam numa ou duas gerações. Mas acontecia também que
surgiam novas moléculas com melhores condições para sobreviver e se reproduzirem—era
a selecção natural.
Alguns exemplares dessas formas primitivas de vida
consumiam sulfureto de hidrogénio e outros materiais e libertavam oxigénio. O
fenómeno conduziu lentamente à criação da atmosfera que temos hoje e necessária
à vida de peixes, répteis, mamíferos e, por fim o homem.
Este quadro só é aceitável
pelo nosso encéfalo se tivermos presente que tudo isto levou MILHÕES de anos—repito,
MILHÕES de anos! E MILHÕES de anos é um conceito que não cabe no nosso crânio,
mas com que temos de viver, se queremos compreender este mundo que é o nosso.
Temos de perceber a insignificância do nosso planeta, astro secundário, para
não dizer menos, num sistema secundário, para não dizer menos, que é o Sistema
Solar, dependente duma estrela secundária, para não dizer menos , que é o Sol, na
periferia duma galáxia secundária, para não dizer menos, que é a Via Láctea,
parte secundária, para não dizer menos, dum universo em expansão permanente a
velocidade inimaginável, em que o espaço e o tempo são curvos e interdependentes,
ou seja, quando nos deslocamos a grandes velocidades o tempo é mais curto e envelhecemos
mais depressa—é tudo verdade, mas não "entra" facilmente, prontes!
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