domingo, 2 de setembro de 2012

FIM DO MUNDO

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O mundo acaba um dia. Não exactamente o mundo, mas o nosso mundo que é a Terra. É chato, mas acaba. O problema é para daqui a alguns milhões da anos, mas é um facto garantido. O Sistema Solar, tal como existe, vai mudar ou mesmo finar-se. Há quem diga que esse é motivo suficiente para ser crente e talvez seja—a preocupação com a humanidade de então.
Bertrand Russel dizia desses crentes: Não acreditem; é tudo conversa sem sentido. Ninguém está preocupado com o que vai acontecer daqui a milhões de anos. Mesmo os que se julgam preocupados, estão a enganar-se a eles próprios. Estão preocupados com coisas mais mundanas; ou pode ser mera má digestão de qualquer comida—porque ninguém se importa com o que virá daqui a milhões de anos. Embora seja uma perspectiva sombria a de que a vida vai desaparecer, apesar de tudo, olhando para o que a gente faz, penso ser quase uma consolação.
Russel tinha piada. Esta coisa de milhões de anos, digo eu agora e já disse há dias, não cabe na nossa cabeça. Falar disso é debitar palavras sem sentido. Temos dificuldade em digerir mentalmente as 24 do dia e pomo-nos a falar de milhões de anos—nonsense, diria Russel.
Russel, além de matemático brilhante, cultor inspirado da Filosofia Analítica, e coequiper de grandes personalidades da cultura do século passado, recebeu em 1950 o Prémio Nobel da Literatura—completo, acho.
Tinha um humor subtil mas verrinoso. Em 1927, fez uma conferência na "National Secular Society" de Londres intitulada Why I Am Not a Christian, peça que vale a pena ler porque é um clássico, embora eventualmente não apreciada por crentes convictos. É um clássico da reflexão religiosa e acho que todos deviam ler. Fica aqui o link para o texto. Tem tradução automática, se preferir, mas é muito fraquinha.
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