Empédocles de Agrigento foi um filósofo pré-socrático—não
sei precisamente se do tempo do Santana Lopes, se do Durão Barroso—famoso pela
sua teoria dos quatro elementos, isto é, para Empédocles tudo era feito de
combinações de quatro elementos, a saber, a água, o ar, a terra e o fogo—a
tabela periódica dos elementos de Mendelieve da altura, com a vantagem de ser
muito mais simples.
Mas Empédocles, em minha opinião, fez descobertas ainda
mais importantes—por exemplo, foi o primeiro a falar de selecção natural, mais
de 2.000 anos antes de Darwin e de forma muito mais simples.
Era assim: as várias partes dos animais eram inicialmente
juntas ao acaso, conforme calhava—tal e qual! Havia olhos sem testa, testas sem
olhos, cabeças sem pescoço e vice-versa, braços sem ombros e por aí fora. Está
bem de ver que um pescoço sem cabeça não podia viver muito bem e a natureza
excluía todos os pescoços sem cabeça, embora eu suspeite que alguns ainda andam
por aí, mas deve ser só impressão minha. Ficavam, segundo Empédocles, só os
seres mais perfeitinhos, com os precisos para sobreviver—eram os mais aptos,
era o fitness! Ganda Empédocles!
Portanto, Darwin chegou tarde quando veio com o livro
"On the Origin of Species", porque já aí estavam os papiros do
filósofo de Agrigento, a quem devemos fazer justiça, deixando de incensar Darwin.
Com ele começou verdadeiramente a ciência da evolução biológica que tem
histórias que parecem contos de fadas. Por exemplo, sabe o leitor porque temos
repugnância, até medo, pelas ou das aranhas (usar o que se aplicar)? Vou
explicar.
Tempos houve em que morria muita gente vítima das picadas
das aranhas venenosas. Mas não morria toda a gente porque havia uns que tinham
repugnância pelos (ou medo dos) aracnídeos, e davam de frosques quando os viam.
Está na cara que foram os filhos desses que sobreviveram e são os nossos pais
remotos. Agora não morre ninguém, ou quase ninguém, vítima das aranhas, mas o
medo ainda cá anda—ficou, pronto. Assim se explicam muitos comportamentos
estúpidos, exotéricos, inesperados e infelizes actuais, que não têm nada a ver
com aranhas, como cortar os subsídios de férias e de natal aos pensionistas.
Empédocles, apesar de pré-socrático—ainda antes dos PECs—já previa isso.
Serve isto para dizer duas coisas. A primeira é que se
Empédocles cá estivesse, teria um enorme sucesso na RêTêPê, maior que o Professor Martelo, porque saberia explicar o porquê das coisas e não se limitaria a ficar gélido
como o Professor. A segunda é que a evolução biológica foi uma grande descoberta,
quase tão grandiosa como a descoberta dos impostos—perguntem ao Gaspar!
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