A situação social e política em Portugal é grave, consequência da forma como o País foi gerido nas últimas décadas, com incompetência, corrupção, compadrio, demagogia, injustiça e falta de vergonha quanto baste. A desgraça começou com o PREC, logo a seguir ao 25 barra 4, e continuou por aí fora. Passou por Aníbal de Boliqueime—iniciador do actual ciclo de desmoronamento—até aos governos calamitosos do Zezito e, agora do Coelho, claramente um jovem político de chocadeira, sem peito para o lugar. Todos têm culpa, desde aqueles que neste momento gritam "o povo unido jamais será vencido" em frente do Parlamento—os pioneiros da desgraça actual—até à direita que se governa e não deixa governar.
O preocupante é que Portugal já experimentou tudo e falhou tudo. Desde a desgraça do PREC, drama para esquecer, com personagens como Cunhal, Vasco Gonçalves, Rosa Coutinho, Otelo, Tomé, Saramago e quejandos, e fenómenos como as ocupações, saneamentos, nacionalizações, reforma agrária e outras vergonhas civilizacionais, até aos governos do PS, cuja apoteose final, qual canto do cisne, foram os governos do Zezito. No meio disto situam-se as fífias dos governos abortados de Aníbal de Boliqueime, da Aliança Democrática, blá, blá, blá. Uma tragédia!
Numa conferência
cujo texto li há dias, do professor de Economia Daron Acemoglu, do "Massachussets Insitute
of Technology", perguntava ele porque são algumas nações ricas e outras pobres,
porque são umas democráticas e outras não, porque há tantas diferenças sociais,
económicas e políticas. E acrescentava que, por exemplo, não temos explicação satisfatória para o facto
de os Estados Unidos serem muito mais ricos que o Haiti, embora possamos dizer
que é por ter mais máquinas, melhor educação e coisas assim; mas fica a
pergunta: porquê isso? Porque tem melhores máquinas, melhor educação e por aí
fora?
O problema, em boa
verdade, não é político nem económico—é cultural, é tradicional, é o que se
quiser chamar. Vem de longe, infiltrou-se nas instituições da nação e
condiciona os comportamentos.
Aqueles parvos que
gritam agora em frente ao Parlamento que o povo unido jamais será vencido, são
casos perdidos que só contribuem para perpetuar a desgraça de Portugal. Por
isso publiquei hoje uma carta, alegadamente da autoria duma jovem, que põe o
dedo na ferida—o que Portugal precisa é de gente que quebre com instituições
que são o veículo do atraso cultural e intelectual do povo, através da
exploração de slogans e discursos primários, embrutecedores e irracionais, que não melhoram nada e nos condenam a viver na sarjeta da
Europa. Aquela jovem, se existe, é o
símbolo do que devíamos ser e não somos. E sabem porque não somos?
Porque o povo unido jamais será vencido. Tal e qual.
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