É impossível andar mais depressa que a luz, e provavelmente desejável, porque o chapéu iria estar sempre a voar.
Woddy Allen
Por estranho que pareça, foi em 1676 que tal aconteceu: os antigos não eram burros, se excluirmos alguns bitaites de Aristóteles, Ptolomeu, Zeno, o dos paradoxos, e pouco mais! Foi Ole Christensen Roemer, astrónomo dinamarquês, quem fez as contas—não muito precisas, porque não tinha todos os dados necessários correctos, mas andou perto e deixou a porta aberta para as corrigir com novas informações. E foi um ovo de Colombo—investigar precisa sobretudo de cabecinha pensadora, muito mais do que aparelhos finos.
Roemer observando os eclipses dos satélites de Saturno,
apercebeu-se que aquilo não batia muito certo: uma vezes desapareciam antes do
previsto e outras depois do previsto. Pensou, e bem, que tal se podia dever ao
facto da distância entre a Terra e Saturno
ser variável, dependendo das diferença orbitais. Mas se a distância
influenciava o tempo que a luz da imagem dos satélites levava a deixar de se
ver na Terra, então a velocidade dessa luz não era infinita, ou seja, não
chegava à Terra instantaneamente, como se dizia. Claro como água!
Então Roemer, partindo das diferenças nas distâncias
entre a Terra e Saturno em vários períodos, e medindo a antecipação ou atraso
dos eclipses, tinha as duas grandezas necessárias para calcular a velocidade:
distância e tempo. Fez as contas, como Guterres sugeria, e chegou a um valor de
cerca de 225.000 km por segundo. Estava incorrecto, pois o valor certo anda
perto dos 300.000 Km por segundo, mas a culpa não era de Roemer—era
dos astrónomos que tinham feito mal as contas das distâncias entre os dois
planetas. Extraordinário! Quanto mais velho fico, mais admiro os antigos: eram
espertos!...
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