Alguns séculos depois, Ptolomeu—que também era um nadinha marado, pois dizia que quando olhava para os movimentos circulares das estrelas, os pés lhe saiam do chão, embora não explicasse para onde iam os pés—apurou a teoria de Aristóteles. Segundo ele, a Terra estava no centro do Sistema Solar, rodeada de oito esferas imaginárias em cuja superfície navegavam os planetas e o Sol. As órbitas não estavam, portanto, no mesmo plano (ver figura). Eram as bonecas russas de que falámos em baixo a propósito da Física Atómica—a Física e a Filosofia gastam muito bonecas russas, concluo eu.
O que ficava para lá da última esfera, nunca ficou muito
claro na conversa de Ptolomeu. Agora chama-se espaço interestelar; naquela
altura Ptolomeu entupiu. E porque terá entupido Ptolomeu, um homem tão
prá-frentex que até os pés lhe saiam do chão quando olhava para aquilo? Diz-se
que quem tem cu tem medo e Ptolomeu tinha um.
A Igreja achava que a teoria de Ptolomeu estava de acordo
com as escrituras, com a grande vantagem de deixar esse tal espaço de fora para
o Céu e o Inferno. Até à última esfera, Ptolomeu era competente. A partir daí,
eram os teólogos que sabiam e ele calava-se.
Chegados aqui, apetece perguntar: o que pensaria Ptolomeu
disto? Curiosamente, e não muito surpreendentemente, devia achar bem. Digo isto
porque é um comportamento actual este. A História repete-se, segundo consta e
parece ser verdade. E esta história de Ptolomeu é um filme que se vê todos os
dias numa sala próxima de si. É verdade!
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