terça-feira, 4 de setembro de 2012

ZENO E KAKU

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Zeno de Elea era grego e filósofo, quatro séculos antes de Cristo nascer. Não o conheci pessoalmente, mas acho que não "batia" muito bem—era especialista em paradoxos! Por exemplo, dizia que uma seta parada está parada porque ocupa o mesmo espaço; mas quando dizemos que vai em movimento, em cada momento, ocupa o mesmo espaço nesse momento. Logo, parece que anda, mas não anda—está parada!  Ou ainda que quando Aquiles corre com uma tartaruga que parte 100 metros à frente, apesar de andar, digamos, dez vezes mais depressa, nunca chega primeiro, porque quando Aquiles correu os primeiros 100 metros, a tartaruga já andou 10; quando andou esses 10, a tartaruga andou 1 e continua à frente, e assim até ao fim—a tartaruga chega à meta à frente, nem que seja por um nanómetro elevado a menos 1.000! Não há pachorra para Zeno. Mas a verdade é que os paradoxos dele têm dado água pela barba aos matemáticos—quando está tudo esclarecido, e explicado onde Zeno baralhava, aparece outro matemático pior que Zeno a contestar. Não interessa.
Serve Zeno para introduzir essa coisa das coisas pequenas, ou melhor, das coisas mais pequenas, ou ainda melhor, das coisas infinitamente pequenas—estou a ficar como o Zeno! A pequena dimensão terá aflorado o encéfalo do homem primitivo pela primeira vez quando se lembrou de afiar o bordo duma pedra, dum ramo, dum osso ou o que quer que fosse, para cortar bifes da caça, ou as goelas do vizinho. Depois, os gregos—sempre eles, como agora—disseram que a matéria era formada por bolinhas, tipo bolas de bilhar, indivisíveis, que é o que significa átomo (a=não, tomo=cortar ou dividir).
Mas há um século, mais ou menos, conseguiu-se extrair electrões do átomoafinal, não era indivisível! E, pouco depois, extraíram-se protões e neutrões do núcleo do átomo—cada vez menos indivisível! Começava a história das bonecas russas.
Vieram depois os aceleradores de partículas, onde protões, a enormes velocidades, são conduzidos a choques frontais e se escaqueiram! E identificaram-se nos cacos partículas mais pequenas, os quarks, os leptões, os bosões, blá, blá, blá.
E agora? Acabou a corrida e a tartaruga chegou depois de Aquiles?
Não acabou! O problema é esse—Aquiles ainda vai atrás da tartaruga! Começa a não haver mais pachorra para os físicos atómicos do que havia para Zeno. O que vem a seguir? A seguir são as cordas!
Cordas? Mas que cordas? Acho a Física Quântica "da corda", mas cordas agora? É verdade, cordas, sim senhora e senhor. Então, os quarks, os leptões, os bosões, blá, blá, blá, serão formados por cordas, filamentos de energia todos iguais, mas que vibram como as cordas da guitarra de maneiras diferentes, e ora tocam o "Fado Alexandrino", a "Casa da Mariquinhas", ou o "Zé Fugiu, Fugiu e Nunca Mais Ninguém  o Viu". Tal e qual. Um quark será formado por dois fados alexandrinos e três casas da mariquinhas, um leptão  por dois zés fugiu, fugiu e quatro yelow submarines e por aí fora.
E depois? Depois, prevejo, aparece um físico atómico ainda aparentado com o Zeno e diz que as cordas, afinal, ainda não são o cu de Judas e cada uma é formada por cuzinhos de Judas mais pequeninos, ou seja, cuzinhos de Judinhas que, por sua vez, blá, blá, blá. Que dizer? Nem sequer sabemos se Aquiles ganhou a corrida!...
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A fotografia é de Michio Kaku, inventor da Teoria das Cordas (não nasceu com as cordas—fui eu que as pus lá).
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A imagem é de Michio kak

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