Einstein dizia: "Se
soubéssemos o que andamos a fazer, a
isso não se chamaria investigação". A tirada—de génio—não é uma boutade e dá
ideia clara da tortuosidade da investigação científica e da precariedade do conhecimento. A verdade hoje é apenas
o melhor que os especialistas conseguem averiguar, com a reserva de que especialista
é quem sabe mais sobre uma matéria, embora saber mais não signifique saber
tudo—há diferença, nem sequer subtil.
Na realidade, o mundo é muito mais complicado do que
aparece em qualquer conceito científico. Dizer que a tuberculose é provocada
pelo bacilo chamado Mycobacterium tuberculosis
está certo, mas é simplificação abusiva—há outros factores envolvidos,
dependentes do estado imunitário do doente, do meio envolvente, das doenças
associadas de que enferma e por aí fora, escamoteados em nome da clareza da simplificação.
Tudo é mais complicado do que parece, menos definitivo do que se pretende, mais
incerto do que se gostaria. Lembrei-me disto, a respeito do post de ontem com o
artigo de Christopher Booker, a respeito do aquecimento global
antropogénico. E lembrei-me porque não há coisa mais perigosa que os militantes
científicos, capazes de lançar na fogueira inquisitorial os cépticos das suas
teorias. Pior, só os políticos; mas esses não têm vergonha nem ética.
Em boa verdade, não há
certezas sobre a causa do aquecimento da Terra, se há de facto aquecimento
valorizável. Manda a prudência estar atento e reforçar a investigação do
problema. Mas transformá-lo numa missão, quase uma cruzada, onde por vezes se
vislumbram interesses materiais nada científicos e pouco éticos associados às
chamadas energias alternativas, é pouco menos que deplorável. A respeito desses, talvez Einstein dissesse: se soubessem o que andam a fazer, a isso se
chamaria porcaria..
A imagem em cima é
um quadro da bio-artista Anna
Dimitriu—"The Romantic Disease. An Artistic Investigation of Tuberculosis". Não é arte abstracta. As imagens são reais, da Microbiologia, da Imagiologia e por aí fora.
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