terça-feira, 8 de abril de 2014

AI PERCEBE, PERCEBE !...

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Quando se caminha na direcção errada, progride-se andando para trás. Progresso é desbravar novos conhecimentos, mas também eliminar conhecimentos velhos. É abdicar de preconceitos, sem paixão, sem clubismo, sem obstinação. Infelizmente,  todos os dias se assiste ao contrário. O resultado está à vista; e não estou a pensar em nada particularmente, mas no mundo todo, desde o XVIII Governo Constitucional, até  à ONU, que não serve para nada, à Crimeia, ao aquecimento global, aos alimentos geneticamente modificados, rebabá.
Uma das causas do problema é a abordagem errada da origem dos fenómenos, sejam físicos, económicos, financeiros, sociais, ambientais, políticos e toda a restante e similar cangalhada. Somos desde o nascimento máquinas de armazenar preconceitos que defendemos como se abandoná-los fosse perder batalhas. Intelectualmente, comportámo-nos como sócios do Benfica, do Sporting, do Porto, esquecendo a verdade incontestável contida na primeira frase deste post—ninguém anda para trás, mesmo que caminhe asininamente na direcção errada.
A asneira resulta em grande parte de erros do que se chama causalidade. Consiste esta em assumir, consciente ou inconscientemente, que os acontecimentos—chamando assim a tudo que acontece à volta—resultam de uma só causa. Por exemplo, que a bolsa de valores cai porque Hollande levou uma banhada nas eleições municipais, ou que o planeta aquece em consequência de se acenderem muitas braseiras em Viseu durante o Inverno—a simplificação de que falava ontem. Na verdade, tudo é complexo, difícil, embrulhado, obscuro, labiríntico e difícil de avaliar. Então, entra o preconceito ou viés, a ideia "feita", o comportamento asnático. Faz parte da nossa natureza. 
A esperança é que o homem ainda tem uns milhares de milhões de anos para evoluir. Por exemplo, quando o Sol em fim de vida começar a expandir-se e os oceanos a ferver e a evaporar, nessa altura sim, o homem vai perceber o que é aquecimento global não antropogénico. Ai percebe, percebe!
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