Quem me lê tem a justa convicção de que os velhos, já declaradamente senis, têm direito ao respeito e à tolerância em relação à sua decrepitude. Mas para merecer tal, o ancião deve abster-se de exibir publicamente o seu mau carácter e procurar não intervir, enviesado por este, na marcha de acontecimentos que já não aprecia com lucidez, sobretudo quando ninguém lhe pediu opinião. A não observância destes preceitos constitui uma situação deprimente, porque patética. Estou a falar, evidentemente, do Dr. Soares cujos amigos—se os tem—não têm coragem de lhe dizer para se calar.
Tudo que o Dr. Soares tem de negativo—é muito—sobe ao de
cima, com a imensa vaidade antes de tudo. Hoje lá vem com a parolice da habitual
exibição dos conhecimentos passados:
[...] No gabinete do Papa Francisco, pelo que se viu nas
televisões—o mesmo dos anteriores papas, que conheci pessoalmente [...];
[...] Tive o
prazer e a honra de conhecer Octavio Paz no México e de poder falar uma tarde
inteira com ele. Nesse tempo já tinha ganho o Prémio Nobel e eu já tinha lido
dois livros dele. O primeiro volume das suas obras, El Peregrino en Su Patria,
em que se refere a mim na página seiscentos...[...];
[...] Rebabá [...]
Depois, as afirmações caricatas, como "os pobres que
ainda têm dinheiro escondem-no debaixo do colchão"; ou as insensatas, como
a de que "para ambos o tempo urge, porque a Barack Obama faltam três anos
de mandato e no Vaticano, e em algumas igrejas nacionais, Sua Santidade tem
muitos inimigos...", blá, blá, blá. Um dia destes, um qualquer Buíça trata-lhe
da saúde, depreende-se.
Em nome da solidariedade com os velhos, e porque também já sou velho, lanço uma sugestão: organizar uma petição nacional
para pedir ao Dr. Soares que se cale.
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