sexta-feira, 11 de abril de 2014

O ADN E A PIROSEIRA

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As ciências biomédicas e a biotecnologia estão hoje na ordem do dia, com tiques ptolomaicos de explicação, manipulação e transformação da nossa vida. A teoria da evolução explicou a origem do homem, a genómica procura compreender a diferença e a semelhança entre nós, a genética e a terapêutica com células estaminais prometem a cura e a prevenção das doenças e a melhoria de corpos e mentes e as neurociências tentam prever os comportamentos, explicar a consciência e estudar as diferenças entre os sexos. Bestial!
Os geneticistas comportamentais sabem, ou julgam saber, quais os genes responsáveis por quase tudo, desde a orientação sexual à passividade feminina, à violência dos homens, às intenções de voto dos eleitores, ao respeito pela monarquia ou pela “ética” republicana, à fidelidade  ao Sporting, ao apoio a Jorge de Jesus e por aí fora. Os apoiantes do actual Governo de Portugal, por exemplo, devem ter sofrido mutação genética gravíssima, com prognóstico grave porque transmitido às futuras gerações.
E os especialistas das neurociências não ficam atrás ao pretender que com umas tantas ressonâncias magnéticas e uns EEG conseguem identificar potenciais psicopatas, criminosos e terroristas, mesmo antes deles terem praticado qualquer crime.
A conversa dos genes entrou no uso corrente, sobretudo nos media de média-tigela, no marketing e na política, onde são metáfora diária. As linhas do BMW respeitam os genes da empresa, os russos são um povo vencedor porque, segundo o senhor Putin, isso está nos cromossomas deles, no seu código genético, na timina, na guanina, na citosina, na adenina e rebabá.  Não há nada mais pífio do que o uso de metáforas científicas por pessoas que não fazem ideia do que estão a falar!
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