As ciências
biomédicas e a biotecnologia estão hoje na ordem do dia, com tiques ptolomaicos
de explicação, manipulação e transformação da nossa vida. A teoria da evolução
explicou a origem do homem, a genómica procura compreender a diferença e a
semelhança entre nós, a genética e a terapêutica com células estaminais
prometem a cura e a prevenção das doenças e a melhoria de corpos e mentes e as
neurociências tentam prever os comportamentos, explicar a consciência e
estudar as diferenças entre os sexos. Bestial!
Os geneticistas
comportamentais sabem, ou julgam saber, quais os genes responsáveis por quase
tudo, desde a orientação sexual à passividade feminina, à violência dos homens,
às intenções de voto dos eleitores, ao respeito pela monarquia ou pela “ética”
republicana, à fidelidade ao Sporting,
ao apoio a Jorge de Jesus e por aí fora. Os apoiantes do actual Governo de
Portugal, por exemplo, devem ter sofrido mutação genética gravíssima, com
prognóstico grave porque transmitido às futuras gerações.
E os
especialistas das neurociências não ficam atrás ao pretender que com umas
tantas ressonâncias magnéticas e uns EEG conseguem identificar potenciais
psicopatas, criminosos e terroristas, mesmo antes deles terem praticado qualquer
crime.
A conversa dos
genes entrou no uso corrente, sobretudo nos media de média-tigela, no marketing
e na política, onde são metáfora diária. As linhas do BMW respeitam os genes da
empresa, os russos são um povo vencedor porque, segundo o senhor Putin, isso
está nos cromossomas deles, no seu código genético, na timina, na guanina, na
citosina, na adenina e rebabá. Não há
nada mais pífio do que o uso de metáforas científicas por pessoas que
não fazem ideia do que estão a falar!
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