Era uma vez um funâmbulo que, com vara, caminhava no
arame e fazia as mais arriscadas piruetas sem cair. Exibia-se ultimamente
em Paris de França onde apurava a arte do funambulismo em academias superiores.
Subsidiado por um tal Silva e pela mãe, que não olhavam a despesas para que não
lhe faltasse nada, frequentava os mais luxuosos lugares da capital. Era um
privilegiado, apesar de não ter bens pessoais.
Um dia vara caiu de supetão e o artista perdeu o equilíbrio. Funambulismo
sem vara é complicado. Na bela noite de Outono de 22 do décimo primeiro mês, chegava a Olisipo para mais um
espectáculo de funambulismo na TV estatal, quando é assaltado por colectores de
tributos e cívicos façanhudos e armados. Arrastado para uma masmorra, três
noite ali dormiu, sendo de dia levado a visitar um palácio no Parque das Nações
onde convivia com um tal Alexandre—um dos maiores especialistas mundiais em funambulística,
funâmbulos e funambulismos.
Aprazado com o que ouviu, Alexandre deu-lhe guarida, com direito
a cama, mesa, roupa lavada e tempo livre para meditar sobre a arte. Todos
esperam que seja bem-vindo no novo lar e o aproveite a preparar novos
espectáculos para nosso regalo futuro. Já Shakespeare—que não o conheceu infelizmente—dizia: All's Well That Ends Well.
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