quarta-feira, 19 de novembro de 2014

ÉTICA REPUBLICANA

.
O Governo actual é um aborto. O facto é do conhecimento geral—como diziam os antigos, mete nojo aos cães. E não é só aos lulus das marquesas. Mesmo os rafeiros com pulgas e peladas tinhosas passam ao largo para evitar o mau hálito do executivo. Mas tal Governo está em exercício legal nos termos da Constituição que pela Graça do Altíssimo nos rege. Até aqui está tudo certo.
Hoje, ou ontem, Manuel Alegre, membro do Conselho de Estado e "histórico" socialista para os jornalistas, mais conhecido por poeta Alegre, declarou ao DN: (i) Que Cavaco Silva não está a garantir o regular funcionamento das instituições; e (ii) Que "Nunca se viu nada assim na história da democracia portuguesa, mas este Governo sabe que beneficia de impunidade, porque o Presidente da República não quer dissolver a Assembleia da República e convocar eleições legislativas antecipadas", rebabá.
Chegados a este ponto, constata-se que há dois conceitos de regular funcionamento das instituições. De acordo com o primeiro, o Presidente não deve dissolver o Parlamento quando o Governo asneia alarvemente se esse Governo for socialista, verbi gratia, presidido por um janota como o Zezito, timoneiro do surto de progresso meteórico que a Nação conheceu e terminou em estado agónico no regaço da troika. Mas deve fazê-lo quando governo não é socialista, mesmo que apoiado por maioria no Parlamento, como fez o Chorinha. É uma questão subtil de ética republicana, difícil de explicar a quem não é socialista, mas é mesmo assim.
Primeiro faz-se uma Constituição mais comprida que "Os Irmãos Karamazov", cheia de direitos, liberdades e garantias e detalhes quase infinitos para que ninguém a leia ou compreenda. Depois perora-se sobre o que o Presidente deve fazer com base naquele xarope jurídico. E está bom de ver que, mesmo com tal prolixidade, ficou muita margem para interpretação e as únicas entidades competentes para a interpretar são os militantes da ética republicana, como o Poeta Alegre e o Dr. Soares. Assim, se eles dizem que o funcionamento das instituições não está a ser normal, quem somos nós para os mandar à merda?
.

Sem comentários:

Enviar um comentário