Leio que o Zezito fez uma
redacção na cadeia. É uma peça e pêras; digna de Vieira. Pelo estilo se vê que
não foi o advogado o autor—apenas escrivão. Claramente, o causídico não tem
estudos para uma elocução assim, diria Baptista Bastos no seu estilo soberbo. Aliás, adivinha-se na
prosa o sentido estético que criou as obras arquitectónicas de que é autor.
Está lá na íntegra.
A folhas tantas, escreve: Aqui está toda uma lição de vida: aqui está
o verdadeiro poder—de prender e de libertar. Lucidez!... Lucidez!... Zezito
experimenta o poder de prender, que não esperava tão grande, e não lhe escapa a lição,
autêntica revelação. Experimentou tarde, mas antes isso que nunca. E bom será
se não o esquecer no futuro, na vida longa que ainda tem pela frente.
Noutro ponto, acrescenta: Defender-me-ei com as armas do estado de Direito—são as únicas em que acredito. Este é um caso da Justiça e é com
a Justiça Democrática que será resolvido. Tal e qual. Zezito, sentinela da "Justiça
Democrática", do "estado de Direito" e, seguramente da ética
republicana, está armado e crente nas suas armas. Não abandona o posto e está
vígil.
Mas onde fica o aviso mais importante é no derradeiro
parágrafo, singelo, mas prenhe de significado: Este processo só agora começou. Anotamos, para memória futura, que
ainda há-de vir por aí pior. Oh égua!...
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