sexta-feira, 28 de novembro de 2014

PAIRA A BORRASCA NO HORIZONTE

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Leio que o Zezito fez uma redacção na cadeia. É uma peça e pêras; digna de Vieira. Pelo estilo se vê que não foi o advogado o autor—apenas escrivão. Claramente, o causídico não tem estudos para uma elocução assim, diria Baptista Bastos no seu estilo soberbo. Aliás, adivinha-se na prosa o sentido estético que criou as obras arquitectónicas de que é autor. Está lá na íntegra.
A folhas tantas, escreve: Aqui está toda uma lição de vida: aqui está o verdadeiro poder—de prender e de libertar. Lucidez!... Lucidez!... Zezito experimenta o poder de prender, que não esperava tão grande, e não lhe escapa a lição, autêntica revelação. Experimentou tarde, mas antes isso que nunca. E bom será se não o esquecer no futuro, na vida longa que ainda tem pela frente.
Noutro ponto, acrescenta: Defender-me-ei com as armas do estado de Direitosão as únicas em que acredito. Este é um caso da Justiça e é com a Justiça Democrática que será resolvido. Tal e qual. Zezito, sentinela da "Justiça Democrática", do "estado de Direito" e, seguramente da ética republicana, está armado e crente nas suas armas. Não abandona o posto e está vígil.
Mas onde fica o aviso mais importante é no derradeiro parágrafo, singelo, mas prenhe de significado: Este processo só agora começou. Anotamos, para memória futura, que ainda há-de vir por aí pior. Oh égua!...
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