segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

JORNALISMO DE ÚLTIMA ÁGUA

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O director do "Jornal de Notícias", de seu nome Afonso Camões, publica hoje no periódico um artigo que classifica de opinião, com o título "Estado não cumpre e assobia para o lado". Tem a peça o insignificante número de 1.474 palavras! É muita palavra!... Quase um artigo do Dr. Soares!
Pois a dita opinião é sobretudo sobre si próprio, Afonso Camões, e alguma coisa sobre o que ele chama "Coisa" e se presume seja o "Correio da Manhã". Pelo que leio aqui e ali, este jornal terá escrito que Camões—o Afonso, não o Luís—avisou o Zezito da iminência de ser preso.
No referido artigo, Camões diz ser amigo do Zezito há mais de 40 anos; que lhe disseram em Maio haver a possibilidade dele vir a ser preso; que fazem constar ter sido ele—Zezito—que o fez director do "Jornal de Notícias"; rebabá.  Por tudo isto, Camões pediu um audiência à Procuradora-Geral da República para se queixar, tendo esta aconselhado—"candidamente", segundo Camões—que arranjasse um advogado.
Esta é a história bastante desenvolvida, contada por mim. A história contada por Camões é 10 vezes maior. Cita Filipe II de Castela numa carta enviada à mãe há 400 anos; fala na história de 127 anos do jornal; invoca Freitas Cruz, Feytor Pinto, Marcelo Rebelo de Sousa, José Miguel Júdice, Francisco Balsemão, Cunha Rego e Vasco Rocha Vieira; recorda a medalha de mérito da sua terra que recebeu e a Medalha de Mérito Profissional que lhe foi atribuída em nome do Estado português e por aí fora.
A terminar diz assim: Como eu compreendo o Papa Francisco quando, há poucos dias, disse que se alguém lhe ofendesse a mãe "deveria estar preparado para levar um soco". Por mim, hesito em ir às fuças cobardes de quem me quer ofender, porque resisto à ideia de meter as mãos na enxovia.
Afonso Camões pode estar cheio de razão e talvez esteja. Mas uma coisa eu digo porque fiquei suficientemente informado para o fazer: Camões, como jornalista, é pior que péssimo. E também que, de tanto se explicar e doer, faz suspeitar que, no caso em apreço,  não tem razão nenhuma.
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