quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

RELIGIÃO PELO MEDO

.
.
Tivemos hoje notícia dum acto terrorista em França em nome de Deus. É a religião pelo medo. Tal levou-me e reler um texto de Einstein, de 1930, intitulado "Religião do Medo". Nele, escreve o físico: " Com o homem primitivo é o medo acima de tudo que evoca noções religiosas—medo da fome, das feras, da doença, da morte. Como neste estado de existência o conhecimento das relações causais está usualmente pouco desenvolvido, a mente humana cria seres ilusórios mais ou menos semelhantes a si própria de cujos desejos e actos dependem esses acontecimentos assustadores. Por isso, tentamos obter o favor destes seres realizando acções e oferecendo sacrifícios que, de acordo com as tradições passadas de geração em geração, os tornam favoráveis ou bem dispostos em relação aos mortais." [...] Esta é uma das várias formas de religião pelo medo; talvez a mais simplória, penso eu.
Depois, há a da Inquisição: tens de ser pio, caso contrário vais para a fogueira—negação inaceitável da filosofia da religião que se propunha defender, se era esse realmente o objectivo.
Agora temos Deus imposto pelo terror, nova forma de catequizar—o terror em nome de Deus é a Inquisição do tempo moderno.
Mas há, em paralelo, formas soft de catequizar pelo medo. Os cristãos são (ou eram) educados tradicionalmente cultivando o medo da "ira de Deus"—quem não crê pelo amor, crerá pela dor é expressão típica de religião cristã pelo medo. É a prática de ameaçar os fieis com a Justiça Divina, com o Inferno e por aí fora. Tirar a alegria da vida aos crentes e fazer da prática religiosa um pesadelo não está assim tão fora de moda. A religião pelo medo através da educação desde tenra idade devia ser revista. Talvez tenha havido tempos em que se aceitava. Hoje tem tanto lugar na sociedade como o terrorismo em nome de Deus.
.

Sem comentários:

Enviar um comentário