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Tivemos hoje notícia dum acto
terrorista em França em nome de Deus. É a religião pelo medo. Tal levou-me e
reler um texto de Einstein, de 1930, intitulado "Religião do Medo". Nele,
escreve o físico: " Com o homem primitivo é o medo acima de tudo
que evoca noções religiosas—medo da fome, das feras, da doença, da morte. Como
neste estado de existência o conhecimento das relações causais está usualmente
pouco desenvolvido, a mente humana cria seres ilusórios mais ou menos
semelhantes a si própria de cujos desejos e actos dependem esses acontecimentos
assustadores. Por isso, tentamos obter o favor destes seres realizando acções e
oferecendo sacrifícios que, de acordo com as tradições passadas de geração em
geração, os tornam favoráveis ou bem dispostos em relação aos mortais."
[...] Esta é uma das várias formas de religião pelo medo; talvez a mais
simplória, penso eu.
Depois, há a da Inquisição: tens de ser pio, caso
contrário vais para a fogueira—negação inaceitável da filosofia da religião que
se propunha defender, se era esse realmente o objectivo.
Agora temos Deus imposto pelo terror, nova forma de
catequizar—o terror em nome de Deus é a Inquisição do tempo moderno.
Mas há, em paralelo, formas soft de catequizar pelo medo. Os cristãos são (ou eram) educados tradicionalmente
cultivando o medo da "ira de Deus"—quem não crê pelo amor, crerá pela dor é expressão típica de
religião cristã pelo medo. É a prática de ameaçar os fieis com a Justiça
Divina, com o Inferno e por aí fora. Tirar a alegria da vida aos crentes e
fazer da prática religiosa um pesadelo não está assim tão fora de moda. A
religião pelo medo através da educação desde tenra idade devia ser revista.
Talvez tenha havido tempos em que se aceitava. Hoje tem tanto lugar na
sociedade como o terrorismo em nome de Deus.
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