Sabe o que é uma cenoura? Sabe, com certeza. E também sabe o que é um cenoura,
cidadão de cabelo ruivo e com pele da cor do Leite Mimosa. Como diabo terão
surgido e medrado os cenouras? Já pensou nisso? Vou explicar toscamente, se não
pensou.
A cor da pele e do cabelo, naturalmente, é condicionada
por genes que podem sofrer mutações. Quando ocorrem, por vezes, há características
do corpo que se modificam. Assim aconteceu com uma parte do gene da cor do
cabelo e da pele—o alelo V6OL, nome que não interessa. Tal ocorreu há 50.000
anos aos nossos antepassados negros que vieram para a Europa, assim surgindo os
primeiros cenouras.
E porque medraram?—perguntar-se-á. Cerca de 10% dos
irlandeses são cenouras e, em conjunto, na Irlanda e no Reino Unido há 20
milhões de cenouras, o dobro da população portuguesa—é muito cenoura!
Medraram porque ser ruivo era uma vantagem. Como
sabe, a vitamina D forma-se na pele sob a acção da luz solar e isso supre as
deficiências alimentares. Mas para tal ser possível, é preciso que o sol
penetre na pele e a pele negra impede-o grandemente. Em África, donde vieram os
nossos avós, há muita radiação solar e não há problemas com a síntese da
vitamina D. Mas um negro deficientemente alimentado no Norte da Europa, onde o
Sol é "anémico", está tramado. Por isso, a natureza acarinhou, seleccionou
e multiplicou os mutantes cenouras lá no Norte, donde vieram todos—os de
Portugal, Espanha, Sul de França e por aí fora foram importados.
O problema é que menos protecção contra o Sol
aumenta o risco de tumores malignos na pele. Os ruivos são as maiores vítimas
do melanoma maligno cutâneo—é um factor de risco muito importante. Não é
consequência directa da mutação do ADN, mas antes da menor protecção da pele
contra o efeito oncogénico da radiação solar. É a vida! Não se pode ter tudo.
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