Cavaco Silva, Presidente de Portugal pela Graça de Deus,
nasceu em 1939, quatro meses antes de mim. Apesar da idade, somos os dois titulares
de elevado grau de lucidez e acutilância
intelectual. Por isso eu escrevo neste espaço com o brilho de Shakespeare - se
não mais - e ele tem saídas para a História
que reputo de imortais; dignas de um Disraeli
ou um Tayllerand - se não mais.
Ontem, Cavaco calafetou
uma brecha no seu mister e, como nunca o havia feito, foi ao S. João do Porto,
atitude assisada de Presidente de todos
os portugueses.
Chegado e embarcado no navio "Douro Azul", para
o caldo verde e a sardinhada e assistir
ao fogo de artifício, na companhia da indispensável e sempre presente Maria, Cavaco falou aos jornalistas; e também urbi et
orbi e para o Século XXI que agora
desabrocha. Disse esta coisa lapidar: “Eu espero que o barco aguente e, por
isso, tenho aconselhado a que não corram rapidamente de um lado para o outro,
para que não aconteça qualquer acidente. No dia de hoje temos que fazer todo o
possível para que tudo vá no bom sentido, para que o barco chegue a bom porto.
E é isso também que Portugal precisa”.
Não sei que mais me deslumbra: se a eloquência, se a
profundidade do pensamento. Cavaco é um tribuno. Sempre foi. Com
a idade apurou. Sem qualquer hesitação o afirmo. Pena que se ocupe com trabalhos menores para
um encéfalo assim, em vez de retirar para a Casa da Coelha a conceber. Portugal
ganhou um Presidente de grande porte, é verdade, mas está a perder um pensador singularmente inspirado,
no cume da capacidade criativa. É pena porque o mesmo já aconteceu com o Almirante Américo Thomás. Portugal não aprende!
.
Sem comentários:
Enviar um comentário