domingo, 17 de junho de 2012

A GUERRA INEVITÁVEL

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"A  História é um banho de sangue", escreveu William James que acrescenta:  "O homem moderno herdou a agressividade inata dos antepassados e a admiração pela glória militar. Mostrar-lhe a irracionalidade da guerra não a evita. O horror fascina-o. Guerra é força, é vida in extremis. Os impostos de guerra são os únicos que paga sem  hesitar, como mostram os orçamentos de todas as nações".  
Seremos sanguinários por natureza e a competição grupo-versus-grupo terá feito de nós aquilo que somos: pouco agressivos dentro da tribo e muito agressivos com as tribos vizinhas. Quase todas as nações têm feriados para celebrar guerras, cerimoniais para homenagear combatentes, monumentos e estátuas com os heróis imortalizados em pedra, cemitérios dedicados aos mortos em combate.
O último século terá sido o da Guerra Total, com a primeira e segunda guerras mundiais, a da Coreia, do Vietname, e outras menores, e um total estimado de 187 milhões de mortos. Mas estudos arqueológicos recentes sugerem quadros ainda mais negros em sociedades de caçadores-recolectores  há mais de 10.000 anos. A guerra nessa altura era o mecanismo de equilibrar as populações com o espaço e os recursos. É bem provável que continue a sê-lo de forma discretamente encapotada.  
Desde o fim da II Guerra Mundial, os conflitos violentos entre nações diminuíram substancialmente, em consequência, sobretudo,  da  dissuasão atómica. Em contrapartida, aumentaram as guerras civis, as revoluções, e o terrorismo apadrinhado por estados. É a guerra do espaço e dos recursos com nova roupagem, travada maioritariamente por interpostas pessoas. As grandes guerras foram substituídas pelas pequenas, mas continuam a ser guerras com os mesmos tiques de homenagem ao combatente, o mesmo espírito de tribo, a mesma auto-absolvição da violência praticada em nome do colectivo a que se pertence e por quem se peleja.
O problema é a luta pelo controlo do espaço e recursos ser cada vez maior, à medida que a globalização traz novas populações ao banquete. Dificilmente o Homo sapiens  saberá refrear o instinto bélico e repartir irmãmente e sem luta o muito que tem com o Homo sapiens que tem pouco ou nada.  
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