O repugnante Ricardo Rodrigues, deputado do PS, vice-presidente da respectiva bancada no Parlamento e mais umas quantas pessegadas que não interessam, foi julgado por ter assumido, durante uma entrevista à comunicação social, atitude ridiculamente inaceitável quando confrontado com perguntas sobre o possível envolvimento em casos de pedofilia nos Açores. Ricardo Rodrigues foi condenado, mas não se demitiu do lugar de deputado e de todas as inerências dessa condição, como faria pessoa com alguma dignidade: apenas pediu suspensão dos cargos que exerce na direcção do grupo parlamentar do PS, provavelmente por imposição do partido que não o pode excluir da Assembleia da República contra sua vontade.
O homem não pode perder o lugar de deputado porque não sabe o que o espera depois e não sai pelo seu pé. Entretanto, vai recorrer da sentença que o condenou e iniciar o longo processo que na Justiça portuguesa conduz em linha recta à prescrição dos crimes, a duvidosa absolvição por um juiz inspirado na Lei das Doze Tábuas, ou até a coisa nenhuma, além do esquecimento de toda a trampa.
Em Portugal abundam os casos de figuras em lugares
públicos de relevo sobre quem caem suspeitas de comportamentos ilícitos graves
e vivem na maior das impunidades; ou de
personagens envolvidas em processos com
trânsito em julgado que não atam nem desatam e acabam em águas de bacalhau, ou são
mesmo encerrados por terem fossilizado.
A opinião pública está esclarecida sobre tudo e, ao
contrário do que dizem uns tantos líricos profetas da ética republicana, não faz juízos precipitados
e infundados. O povo conhece-os de ginjeira, usa até de inexplicável tolerância
com eles e atura-os, mesmo sabendo que são uns trafulhas. E sabe também que o
provado em tribunal e a realidade são coisas bem diferentes. Antes não bastava
à mulher de César ser séria. Agora não precisa sequer de ser séria quanto mais parecê-lo: basta ser absolvida por um tribunal
português.
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