Helena Roseta é uma teórica bem intencionada politicamente, mas não se percebe muito bem o que quer. Já foi do PSD, já foi do PS, depois meteu-se num "projecto de cidadania" que ninguém sabe o que é e, além de dizer umas coisa na TV tipo Carlos Queirós a falar de futebol, não faz muita faísca.
Hoje o jornal "i" traz uma entrevista com ela: conversa mais ou menos redonda. Se eu escrevesse com o soberbo estilo de Baptista Bastos, diria que é discurso em "círculo concêntrico" (alguém explica ao homem o que são círculos concêntricos?).
Mas a páginas tantas, interrogada sobre a afirmação do inimitável
Dr. Soares, de que o PS devia romper com o memorando da troika, diz esta
coisa extraordinária num País onde o
senso comum se eclipsou: É muito fácil ao Dr. Mário Soares, com o
estatuto que tem, dizer essas coisas. A verdade é que também assinou acordos
com o FMI e houve bandeiras negras em Setúbal, houve gente a passar fome, e
nessa altura não se demarcou, porque era primeiro-ministro.
Dois comentários me sugerem estas palavras. O primeiro é o
de que o Dr. Soares tem um estatuto especial em Portugal, estatuto de que faz
uso diário e consiste em dizer e fazer asneiras impunemente.
O segundo não diz
respeito só ao Dr. Soares, mas a quase todos os políticos. Há nesta Pátria uma assustadora falta de
memória: o Dr. Soares já se esqueceu das pessegadas que fez quando foi Primeiro-Ministro,
como se esqueceu das borradas que fez quando foi Presidente da República, quando
foi Ministro dos Negócios Estrangeiros, quando meteu Cunhal no Governo e por aí
fora; e Cavaco idem aspas, Alegre idem aspas, Almeida Santos idem aspas, Freitas
do Amaral idem aspas, e por aqui me fico porque se os vou mencionar todos a
Google fecha-me o blog por utilização excessiva de espaço cibernético.
Tenhamos um bocado de memória e, mais importante ainda, um
nadinha de vergonha na cara.
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