quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A METÁFORA INVERTEBRADA

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Não quero — longe de mim tal ideia! — dizer o que quer que seja de menos abonatório para esse expoente do pensamento português chamado Baptista Bastos. Muito menos, fazer humor. Tão somente, receio que algum leitor perca o conteúdo e a forma das suas crónicas no DN às quartas-feiras. Não que tal seja provável, pois todos o aguardam ansiosamente na semana que as entremeia. Ainda assim, transcrevo aqui curtas passagens do texto hoje dado à estampa. Começa assim:

Um clamor indignado acolheu a frase de Pedro Passos Coelho: "As eleições que se lixem"! [...]
[...] Os chefes políticos de todos os quadrantes, que me parecem cada vez mais equivocados, logo se serviram da frase para glosar os seus efeitos. Não criticaram Passos pela incompetência agressiva, tornada evidente e perturbadora: cercaram-no por ter utilizado uma metáfora invertebrada. [...]

Aí está: "metáfora invertebrada"! Que saída, ela própria outra metáfora! Só comparável a Vieira! Quase tão boa como a do pensamento de Pulido Valente "em círculo concêntrico".
Não quero estragar o prazer dos leitores com a revelação prematura das pérolas da crónica de hoje para não lhes estragar o prazer de a degustar. Ainda assim, não posso deixar de transcrever mais esta passagem:

[...] Passos Coelho tem nas mãos um brinquedo chamado Portugal. Não foi tocado pelos benefícios da imaginação, nem pela graça do talento: é um político medíocre, infenso a escutar os apelos da razão e os impulsos da sensibilidade. [...]

Vêem? Passos é "infenso a escutar" — não que seja surdo, não senhor; não é. O mal dele é ser infenso a escutar. Provavelmente, também escuta em círculo concêntrico, digo eu.
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