Ontem, transcrevemos parte dum artigo de Alberto Gonçalves que comentava a comparação feita por António Capucho, da suspensão do financiamento estatal à Fundação Paula Rego, em Cascais, com a destruição das estátuas de Buda, feita pelos talibã no Afeganistão em 2001. Dizia Alberto Gonçalves que é um bocadinho excessivo misturar no mesmo saco uma mera decisão administrativa e a destruição dos budas, a menos, claro, que os óleos da sra. Rego acabem incinerados em praça (ou praceta) pública.
A metáfora exagerada e maldosa é frequentemente a arma dos despeitados e ressentidos mal disfarçados, em atitude de falsa elegância e distanciamento daquilo de que é evidente não conseguem distanciar-se. Capucho não esteve presente no último Congresso de PSD e fez questão de declarar publicamente que só vai a cerimónias para as quais é convidado, mais uma metáfora a traduzir a amargura de quem se sente um valor não aproveitado.
Conheço
mal Capucho — em boa verdade, não conheço de todo —
e não sei o que vale; sobretudo não sei o que Passos Coelho pensa dele, embora
seja evidente o que Capucho pensa de Passos Coelho.
Há por aí umas figuras que se auto-promoveram a personalidades
incontornáveis da política porque são políticos profissionais. E o afastamento
da ribalta prejudica-lhes a carreira — são o que a política tem de pior. Estou
a falar de Capucho, mas também de Manuel Alegre, Pacheco Pereira, Francisco Louçã,
Bernardino Soares, Teresa Caeiro e por aí fora. Tudo gente que podia e pode
fazer outras coisas, mas gosta é de viver debaixo do spotlight, que é para eles mais
leve e mais remunerador psicologicamente — quando não mais remunerador tout
court.
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