No princípio
houve uma explosão. Não uma explosão banal como estamos habituados na Terra,
começando num centro e espalhando-se à periferia para envolver mais e mais espaço na área circundante, mas uma
explosão que ocorreu simultaneamente
por todo o lado, enchendo o espaço duma só vez com partículas de matéria
nascendo de outras partículas. Espaço neste contexto significa espaço infinito,
ou espaço finito curvado sobre si próprio como a superfície duma esfera — não importa saber como era: ambas as hipóteses
são difíceis de perceber, mas não interessa.
Durante um
centésimo de segundo, o tempo mais antigo de que podemos falar com alguma
certeza, a temperatura do universo foi de 100 mil milhões (10^11) de graus
centígrados, muito mais quente que o interior de qualquer das estrelas que hoje
existem; tão quente que as chamadas partículas elementares que formam a matéria
não podiam associar-se para constituir moléculas, átomos, ou até
núcleos de átomos. Em vez disso, a matéria nascente consistia em vários tipos das chamadas partículas
elementares — quarks, leptões, bosões, etc. — objecto do estudo da actual Física Atómica. Uma dessas partículas presente em grande
número era o electrão, um leptão com carga eléctrica negativa que se movimenta
ao longo dos condutores quando
passa corrente e faz parte da periferia de todos os átomos e moléculas do universo.
Outro tipo de
partícula abundante era o positrão, ou anti-electrão — constituinte da
anti-matéria — com a mesma massa do electrão,
mas positivamente carregado. Actualmente, o positrão observa-se em
laboratórios, nalgumas formas de radioactividade, nos raios cósmicos, nas supernovae,
mas nessa época o seu número era quase igual ao dos electrões. Havia também
neutrinos e outras partículas, incluindo os fotões da luz que enchiam o
universo — a Física Quântica diz-nos que os fotões são partículas de massa e carga
eléctrica zero. Para ter ideia da luz que enchia o universo, podemos dizer que
o número e energia dos fotões era aproximadamente a mesma dos electrões, ou dos
positrões, ou dos neutrinos.
Tais partículas iam sendo criadas continuamente, a partir de
energia pura, e aniquiladas outra vez, após curta vida. A densidade desta
"sopa" cósmica, à temperatura de 100 mil milhões de graus, era 4 mil
milhões de vezes superior à da água actual.
Havia ainda
pequena "contaminação" de partículas mais pesadas, protões (carga
positiva) e neutrões (carga neutra), que actualmente fazem parte dos núcleos
dos átomos. A proporção era grosseiramente de um protão e um neutrão para cada
mil milhões de electrões, ou positrões, ou neutrinos, ou fotões. Esta relação é
crucial para explicar o actual Modelo Padrão da matéria.
À medida que a
"explosão" continuava, a temperatura descia para 30 mil milhões de
graus centígrados num décimo de segundo; 10 mil milhões, num segundo e 3 mil
milhões depois de aproximadamente
14 segundos.
Tal temperatura
era suficientemente "fresca" para permitir que os electrões e positrões
fossem destruídos mais depressa que criados. Ao fim de 3 minutos, a temperatura
já "só" era de 100 mil milhões de graus, permitindo aos protões e
neutrões começar a formar núcleos de átomos simples, começando com o
hidrogénio pesado, ou deutério, isótopo do hidrogénio com um protão e um
neutrão. Depois, estes núcleos associaram-se formando núcleos mais estáveis de
hélio, com dois protões e dois neutrões.
Ao fim de 3
minutos, o conteúdo do universo era luz, neutrinos, anti-neutrinos e pequena
percentagem de material nuclear, consistindo em 73% de hidrogénio e 27% de hélio, mais alguns electrões.
Depois, blá, blá,
blá, o Luisão deu um encontrão ao árbitro e este caiu e desmaiou com o cartão amarelo na mão (colado com super-cola
3). E o Benfica está aqui está a jogar com o Braga.
Fim da história,
contada por Steven Weinberger , Prémio Nobel da Física em 1979, no livro "The First Three Minutes"; com excepção
do caso Luisão porque Weinberger não
tem cabeça para fenómenos tão complicados.
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