sábado, 18 de agosto de 2012

WEINBERGER, LUISÃO, FENÓMENOS SIDERAIS E OUTRAS COISAS MAIS

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No princípio houve uma explosão. Não uma explosão banal como estamos habituados na Terra, começando num centro e espalhando-se à periferia para envolver mais e mais  espaço na área circundante, mas uma explosão que ocorreu simultaneamente por todo o lado, enchendo o espaço duma só vez com partículas de matéria nascendo de outras partículas. Espaço neste contexto significa espaço infinito, ou espaço finito curvado sobre si próprio como a superfície duma esfera —  não importa saber como era: ambas as hipóteses são difíceis de perceber, mas não interessa.
Durante um centésimo de segundo, o tempo mais antigo de que podemos falar com alguma certeza, a temperatura do universo foi de 100 mil milhões (10^11) de graus centígrados, muito mais quente que o interior de qualquer das estrelas que hoje existem; tão quente que as chamadas partículas elementares que formam a matéria não podiam associar-se  para constituir moléculas, átomos, ou até núcleos de átomos. Em vez disso, a matéria nascente consistia em vários tipos das chamadas partículas elementares — quarks, leptões, bosões, etc. — objecto do estudo da actual Física Atómica. Uma dessas partículas presente em grande número era o electrão, um leptão com carga eléctrica negativa que se movimenta ao longo dos condutores quando passa corrente e faz parte da periferia de todos os átomos e moléculas do universo.
Outro tipo de partícula abundante era o positrão, ou anti-electrão — constituinte da anti-matéria —  com a mesma massa do electrão, mas positivamente carregado. Actualmente, o positrão observa-se em laboratórios, nalgumas formas de radioactividade, nos raios cósmicos, nas supernovae, mas nessa época o seu número era quase igual ao dos electrões. Havia também neutrinos e outras partículas, incluindo os fotões da luz que enchiam o universo — a Física Quântica diz-nos que os fotões são partículas de massa e carga eléctrica zero. Para ter ideia da luz que enchia o universo, podemos dizer que o número e energia dos fotões era aproximadamente a mesma dos electrões, ou dos positrões, ou dos neutrinos.
Tais partículas  iam sendo criadas continuamente, a partir de energia pura, e aniquiladas outra vez, após curta vida. A densidade desta "sopa" cósmica, à temperatura de 100 mil milhões de graus, era 4 mil milhões de vezes superior à da água actual.
Havia ainda pequena "contaminação" de partículas mais pesadas, protões (carga positiva) e neutrões (carga neutra), que actualmente fazem parte dos núcleos dos átomos. A proporção era grosseiramente de um protão e um neutrão para cada mil milhões de electrões, ou positrões, ou neutrinos, ou fotões. Esta relação é crucial para explicar o actual Modelo Padrão da matéria.
À medida que a "explosão" continuava, a temperatura descia para 30 mil milhões de graus centígrados num décimo de segundo; 10 mil milhões, num segundo e 3 mil milhões depois de aproximadamente  14 segundos.
Tal temperatura era suficientemente "fresca" para permitir que os electrões e positrões fossem destruídos mais depressa que criados. Ao fim de 3 minutos, a temperatura já "só" era de 100 mil milhões de graus, permitindo aos protões e neutrões  começar a formar núcleos de átomos simples, começando com o hidrogénio pesado, ou deutério, isótopo do hidrogénio com um protão e um neutrão. Depois, estes núcleos associaram-se formando núcleos mais estáveis de hélio, com dois protões e dois neutrões.  
Ao fim de 3 minutos, o conteúdo do universo era luz, neutrinos, anti-neutrinos e pequena percentagem de material nuclear, consistindo em 73% de hidrogénio e 27% de hélio, mais alguns electrões.
Depois, blá, blá, blá, o Luisão deu um encontrão ao árbitro e este caiu e desmaiou com o cartão amarelo na mão (colado com super-cola 3). E o Benfica está aqui está a jogar com o Braga.
Fim da história, contada por Steven Weinberger , Prémio Nobel da Física em 1979, no livro "The First Three Minutes"; com excepção do caso Luisão porque Weinberger não tem cabeça para fenómenos tão complicados.
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