sexta-feira, 3 de agosto de 2012

WHY DOES THE WORLD EXIST?

.
Falei ontem do livro de Jim Holt intitulado "Why Does the World Exist?" que está a ser matéria de crítica e discussão na imprensa internacional, sobretudo norte-americana. Ainda não li muito por falta de oportunidade, mas o que li promete. Para dar ideia, transcrevo — em tradução livre e tosca; Holt me desculpará — o início, em que o tema é introduzido: um bom texto, como se pode adivinhar, mesmo com tradução pindérica que nem me atrevo a publicar em itálico.

Fui um ingénuo e rebelde estudante do liceu na Virgínia. Como os estudantes ingénuos e rebeldes às vezes fazem,  comecei a interessar-me pelo existencialismo, filosofia que me parecia boa para a insegurança de adolescente.
Certo dia, fui à biblioteca da universidade local e passei a vista por alguns volumes com aspecto imponente: "O Ser e Nada", de Sartre, e a "Introdução à Metafísica", de Heidegger. Foi nas primeiras páginas do último, com título promissor,  que me vi confrontado pela primeira vez com a pergunta Porque há alguma coisa, em vez de absolutamente nada? Posso ainda recordar o tremendo efeito que teve em mim. Ali estava a última e superior questão, anterior a todas as outras que a humanidade alguma vez pôs. Onde tinha andado até aí toda a minha vida intelectual (reconhecidamente breve)?  
Diz-se que a pergunta é tão profunda que só podia ocorrer a um metafísico, mas tão simples que só uma criança a faria. Era muito novo para ser metafísico. Porque não fiz a pergunta em criança? Olhando para trás, a resposta era óbvia. A curiosidade metafísica natural tinha sido sufocada pela educação religiosa. Desde a mais tenra idade, que me foi dito — pelos meus pais, pelas freiras que me ensinavam na escola primária e pelos frades franciscanos do convento na colina em frente da nossa casa — que Deus criou o mundo e que o criou a partir do nada. Essa era a razão porque o mundo existia. Também a razão porque eu existia. Porque existia o próprio Deus era deixado de forma um pouco vaga. Ao contrário do mundo finito que criou livremente, Deus era eterno. Era também todo-poderoso e detentor da perfeição em grau infinito. Assim, não precisava de nenhuma explicação para a sua existência. Sendo omnipotente deve ter-Se lançado a Si próprio no mundo. Para usar a frase latina, causa sui.
Era a  história que me tinha sido ensinada em criança. Também aquela em que acredita a maioria dos americanos. Para estes crentes, não há tal coisa como o "mistério da existência". Se lhes perguntarem porque existe o universo, dirão que existe porque Deus o fez. E se a pergunta for Porque existe Deus?, a resposta depende do grau de sofisticação teológica que têm.
Podem dizer que Deus se fez a Si próprio, que é a base da Sua existência, ou que a existência faz parte da Sua essência. Podem também dizer que as pessoa que fazem tais perguntas ímpias serão queimadas no Inferno.
Mas, supondo que se pergunta a não crentes porque existem as coisas em vez de nada, a probabilidade maior é de não ter resposta capaz.
.

Sem comentários:

Enviar um comentário