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O rover "Curiosity" colocado em Marte há dias já dá
informações interessantes—por exemplo, que neva dióxido de carbono (o que chamamos
neve carbónica) em Marte. Quando comecei a trabalhar como dermatologista,
usava-se muito a neve carbónica para destruir lesões da pele através da congelação
até produzir necrose. A temperatura do produto é de -78,5 graus Celsius, o que
interrompe a circulação da pele onde é aplicado, porque congela o sangue, e
congela também as estruturas celulares, danificando-as irreversivelmente. O dióxido de carbono liquefeito chegava aos
hospitais em "balas" de aço sob enorme pressão e à temperatura
ambiente e, ao ser descomprimido bruscamente, promovia enorme arrefecimento
local, passando uma parte ao estado gasoso que escapava para a atmosfera, e
outra parte congelava no estado sólido—era a neve carbónica, também chamada gelo seco, com aspecto semelhante à neve da água.Sabia-se já que em Marte há bastante neve carbónica no solo—durante o Inverno nalguns locais e sempre no Polo Sul—mas ignorava-se como aparecia essa neve. Admitia-se que resultasse da congelação de geada de dióxido de carbono líquido. Mas os dados recolhidos pelo rover "Curiosity" mostram que há nuvens de neve carbónica com flocos de dimensão suficiente para caírem na superfície do planeta, como a neve de água cai na Terra. A ser assim, Marte será o único planeta do Sistema Solar onde cai neve de dióxido de carbono na natureza—e também no coração dos marcianos, diria Augusto Gil.
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