quarta-feira, 31 de outubro de 2012

NIXON E O DUQUE DE ENGHIEN

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Como é  conhecido, em 1804 Napoleão mandou matar o duque de Enghien, aparentemente sem justificação, pondo as casas reais europeias contra ele e a França. Tal feito viria a ser comentado por alguém que terá dito ao general: "Pior do que um crime, foi um erro estúpido". É o tipo de frase que pode concorrer num campeonato de cinismo, de baixeza moral, de falta de humanidade, blá, blá, blá.
A verdade é que ninguém tem a certeza de quem a disse, nem sequer se foi dita de facto e não inventada. O mais provável é a última hipótese porque é atribuída a Talleyrand, ministro de Napoleão; a outro político, o conde de Boulay de la Meurthe, Antoine Jacques Claude Joseph; e também ao chefe da polícia Joseph Fouché. Procura-se colocá-la na boca de gente com perfil moral condizente com a natureza da saída.
Lembrei-me hoje dela quando lia um artigo sobre Nixon. Ali se diz que Nixon tinha uma "lista de inimigos", maioritariamente gente que se opunha à sua reeleição; e, de acordo com uma fita das gravações feitas na Casa Branca, durante uma reunião com os colaboradores, o Presidente, falando dum deles—parece que de Daniel Ellsberg—terá dito: "Podíamos matá-lo, mas isso seria errado".
Mais de 150 anos eram passados desde a condenação do duque de Enghien, Nixon seguramente conhecia a história, mas fugiu-lhe a boca para a verdade. Ou seja, a consciência do homem—Presidente do mais poderoso País do mundo—era a mesma de Talleyrand/ Claude Joseph/ Fouché. Preocupante. Muito preocupante!
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Em cima, a morte do duque de Enghien segundo Jean-Paul Larens
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