Uma das mais antigas preocupações do homem é a de saber como é o universo feito, como funciona, e qual a sua evolução futura. É complicado e, por isso, teorias bizarras—concebidas desde a antiguidade—ficaram registadas nos livros. Com o avanço do conhecimento científico, muitas delas não resistiram e são hoje consideradas como manifestações de extrema ingenuidade, tratadas como coisas ridículas, mesmo sinais de pouco senso.
Tempos houve em que se dizia ser a Terra plana e assentar no dorso duma tartaruga, por sua vez repousando numa infinita cadeia de outras tartarugas que não careciam de nenhum suporte, pois se estendiam até "ao fundo". É caricato, não é? É verdade—completamente caricato porque não há notícia de alguém ter caído do bordo da Terra plana, a menos que seja o que aconteceu aos que se diz terem desaparecido no Triângulo das Bermudas.
Mas, pensando bem, também nunca ninguém viu uma corda a
vibrar—não dessas dos instrumentos de música, mas das que se admite formarem as
partículas subatómicas—e as mais ilustres personagens da Física actual falam
delas com ar sério. Quantos anos serão necessários para os habitantes deste
planeta se rirem da Teoria das Cordas e a compararem com a das tartarugas? Dada
a evolução rápida da investigação científica actual, é possível que não sejam
precisos muitos.
Na minha área profissional, no curto espaço duma carreira, tive oportunidade de comprovar o fenómeno da queda em desuso de métodos vários e
da arrumação na prateleira de teorias respeitáveis
até então—na especialidade que pratiquei e na Medicina em geral. Não estão muito longe
os dias em que se faziam injecções intramusculares de leite de vaca para tratar
dermatoses, ou em que o tratamento das úlceras péptica era cirúrgico em grande
número de casos.
Tudo muda, desde as teorias até ao próprio mundo. Por
isso, o melhor é não nos tomarmos muito a sério e menos ainda à nossa
inteligência e ciência. Às vezes até resolvemos problemas de que somos nós
próprios a causa, ao contrário do que dizia Einstein. Aliás, Einstein também se
enganava—não era como Cavaco de Boliqueime.
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