[...] O Partido
Socialista sentirá uma enorme atrapalhação. Não pode deixar de se regozijar
intimamente com a vinda da senhora Merkel. Não pode aceitar que haja perturbações
da ordem pública nessa ocasião. Mas tem uma clientela oportunista que espera
dele o contrário e quer o bloqueamento das hipóteses de entendimento entre o
Governo e a visitante. Esse desconforto não é suprível com a retórica
alambicada da Rua da Emenda e muito menos com os apelos inacreditáveis de
algumas figuras historicamente ligadas ao PS, à subversão de tudo e mais alguma
coisa. Em tempos de governação socialista abstiveram-se de o fazer, quando
podiam e deviam ter feito ouvir a sua voz.
O PS não pode
sacudir a água do capote, nem assobiar para o lado. Muito menos pode lavar as
mãos quanto à situação que atravessamos. Tem de assumir uma responsabilidade
histórica essencial: a de formar com o PSD e o CDS alguns consensos
fundamentais, em vez de andar por aí a mandar bolas fora e a fazer de conta que
não percebe o que se passa. Já lhe restam menos de duas semanas até à chegada
da senhora Merkel.
Vasco Graça Moura in "Diário de Notícias"
.
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