Num dos recentes debates entre Romney e Obama, o primeiro disse a páginas tantas que, se a América tivesse outro comportamento com a China, a crise do desemprego não seria como é. E Obama terá dito que, se Romney fosse eleito, tal seria mau para a indústria do carvão porque Romney tem uma conta bancária na Suíça—mesmo assim, tal e qual! [pode confirmar no "The NewYork Times" de hoje].
Estranhamente, ninguém percebe como outro comportamento com a China alteraria substancialmente o desemprego na América, ou porque a conta na Suíça prejudicaria a indústria do carvão. Mas também ninguém perguntou, os candidatos sabem isso, dizem tais coisas e fica tudo catita. Mais: nas discussões de café, as afirmações são provavelmente repetidas com sucesso. Já todos vimos filmes assim em Portugal, até na televisão.
Porque fazem carreira argumentos tão estúpidos? Steven
Sloman e Philip Fernbach, professores de Psicologia e de Marketing,
respectivamente, explicam no artigo porquê. O Zé (símbolo do povão e não o Zezito)
aceita porque não percebe como as coisas funcionam na economia, nas relações
internacionais, com os bancos suíços, tal como não percebe como funciona um
autoclismo; o que não o impede de fazer afirmações sobre a melhor maneira de empurrar a
trampa para o cano. Quase todas as convicções políticas populares têm uma base tão
sólida como isso.
Se se perguntar ao mais empolgado militante porque tem determinada
posição política, é fluente e inamovível na sua. Mas, se se pede para explicar porque
funciona melhor uma teoria que outra, entope.
E, com jeitinho, calma e bons modos, até é capaz de mudar de ideias.
Infelizmente, político é ordinário suficiente para
explorar isso conscientemente. E, então, diz que é necessário romper com a troika;
e o povão "quer que se lixe a troika", sem perceber que com a troika
lixada, amanhã não há papa—infelizmente.
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