segunda-feira, 3 de novembro de 2014

GUERRAS SANTAS

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O historiador Raymond of Aguilers descrevia assim Jerusalém, em 1099: "Viam-se pilhas de cabeças, mãos e pés. Os homens cavalgavam com sangue até aos joelhos e às rédeas dos freios dos cavalos"—Aguilers falava de cruzados a conquistar a cidade. Hoje assistimos às barbaridades cometidas pelos militantes do chamado Estado Islâmico. São dois exemplos apenas para justificar a pergunta: foi a religião a principal causa dos grandes conflitos bélicos da História?
Karen Armstrong, autora inglesa especialista em temas de religião escreveu um livro sobre isso, intitulado Blood: Religion and the History of Violence, publicado recentemente nos Estados Unidos. Entrevistada sobre a matéria, diz que comentadores e psiquiatras americanos, taxistas de Londres e académicos de Oxford são na generalidade dessa opinião. Para alguns mais moderados pode haver algumas excepções, mas a regra é essa.
E o que diz Armstrong em 529 páginas? Para resumir, diz não. Qualquer estudante de História, acrescenta na entrevista, sabe que das campanhas de Genghis Khan à I Guerra Mundial, houve imensos conflitos sem motivações religiosas. É um facto que as crenças constituem frequentemente motores e modeladores da violência. Mas não são necessariamente crenças religiosas. O culto de Estaline era ateu e foi o que se viu, por exemplo. Para não falar da Revolução Francesa e do Nazismo.
Naturalmente que a religião tem tido o seu papel na história da violência humana. Nem sequer é marginal tal papel. Mas daí a ser única ou principal protagonista, vai uma certa distância.

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