sexta-feira, 14 de novembro de 2014

PARIR UMA ILHA

.


Hoje é dia 14 de Novembro de 2014. Neste dia em 1963, o cozinheiro da traineira islandesa Ísleifur II, a pescar no Sul do País, avistou à distância fumo a sair do mar. O comandante da embarcação, julgando tratar-se de navio em chamas, rumou a ele e, com surpresa, constataram que o fumo saía do mar—era um vulcão submarino a entrar em actividade e uma ilha nascia perante os seus olhos. Foi chamada Surtsey, homenagem a Surtur, personagem da mitologia nórdica.
Em poucos dias, a ilha atingiu o diâmetro de 500 metros e a altura de 45. Em 1965, a lava começou a solidificar protegendo a cinza da erosão marítima. Em 1967, a erupção vulcânica extinguiu-se.
A Surtsey é uma das mais populares ilhas vulcânicas recentes, nascidas na vida de muitos dos contemporâneos, mas não única (recorde-se que, em Setembro do ano passado, assim surgiu outra ilha na costa do Paquistão).  Em 2002, a área da ilha era de 1,4 quilómetros quadrados; mas, de acordo com a Surtsey Research Society, tendo em conta o ritmo da erosão, é possível que quase desapareça até 2100. E digo quase porque o centro vulcânico deve manter-se emerso durante séculos.
O interesse maior da ilha decorre do facto de permitir estudar como se processa o estabelecimento da vida num local recém-nascido. Depois da primeira Primavera após o parto insular, foram encontradas sementes vegetais no terreno; e, em 1965, nasceram plantas perto da costa. Seguiram-se os insectos, as aves e as focas. A terra transformou-se num laboratório para estudo do que se chama sucessão ecológica, ou seja, do modo como a vida se instala nos vários locais da Terra, neste caso muito próximo do Círculo Polar Árctico. Tal permite tirar conclusões e ensinamentos para a gestão de biosfera que herdámos dos nossos pais.
.

Sem comentários:

Enviar um comentário