domingo, 2 de novembro de 2014

SER AMBIENTALISTA É SER POETA

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Quando as primeiras locomotivas a vapor começaram a circular  na Inglaterra, dizia-se que faziam abortar as éguas ao longo da via férrea. É verdade—e dizia-se tal com convicção. Hoje já não há locomotivas a vapor e as éguas têm potros de termo. O problema agora já não é o do aborto cavalar. A ralação mundial desenrola-se neste Século à volta de outro cenário mais global—o aquecimento do planeta. 
Em primeiro lugar, é preciso avisar que a ciência da previsão do clima não é uma ciência exacta, como se quer fazer crer—baseia-se em modelos teóricos a aguardar confirmação. Em percentagem preocupante, assenta em crenças e fés. E falta ainda explicar muita coisa cientificamente, com clareza. Como se sabe, não obstante os gases com efeito estufa continuarem a aumentar na atmosfera desde o princípio deste Século, a temperatura não tem subido no mesmo período e ninguém percebe porquê. E, enquanto o gelo diminui no Árctico, a superfície gelada aumenta na Antárctica e as explicações são variadas e nenhuma definitiva
Falo nisto porque acaba de ser publicado um relatório do Intergovernmental Panel on Climate Change da ONU, depois de uma reunião em Copenhague, e lá se diz, em resumo:

- É crucial reduzir as emissões de gases com efeito estufa para limitar o aquecimento a 2 graus, tal como acordado em 2009, fasquia do limiar de perigo para a humanidade.

- Sugere-se que as "renováveis" aumentem o contributo actual de 30% na produção de energia para 80%, até 2050.

- E, no longo prazo, a produção de energia a partir de combustíveis fósseis deve parar de todo até 2100, a menos que se desenvolvam técnicas industriais de captação do CO2 gerado.

Na prática a teoria é outra, acrescento eu. Alguém sensato acredita que é possível acabar com o uso dos combustíveis fósseis? Alguém sensato acredita na inocuidade ambiental das chamadas "renováveis"? Alguém sensato acredita no Pai Natal? E alguém sensato acredita que é justo impor aos países a emergir da pobreza o retrocesso ao passado?
Os senhores do IPCC são poetas que sonham alto. Sem argumento bastante, tentam impor a austeridade aos povos ricos e—o que é pior—aos que nunca conheceram outra coisa senão a austeridade. Óh égua!...
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