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Mário Soares publica hoje no “Diário de Notícias” mais uma daquelas crónicas superficialonas, escrita sobre o joelho, onde fala em biliões de pessoas, tanto nos Estados Unidos como no resto do mundo (não sabe o que é um bilião), e em que faz afirmações de típica irresponsabilidade socialista porque vê o mundo com a mesma perspectiva irrealista com que vê os milhões e os biliões. Não tem ponta por onde se pegue. A páginas tantas diz:
A União Europeia, através do Banco Central Europeu - ao contrário do Banco Federal americano - e tendo por trás dele as pressões da chanceler alemã, insiste numa política monetarista sem querer ver as suas consequências. Os Estados que gastam mais do que devem e são despesistas são pecaminosos (daí o moralismo) e devem ser castigados. É o que está a acontecer-nos, como à Irlanda, à Espanha, à Letónia e outros. Começa a haver muitos protestos e ressentimentos mais ou menos surdos, por enquanto, que seguramente vão alastrar. A Alemanha está a entrar por um mau caminho, porque parece ignorar a solidariedade - e a igualdade entre os Estados membros - que são princípios constitutivos da União.
Ao Dr. Soares digo que solidariedade não é alimentar gente que não sabe governar-se e quer viver bem à custa de outrem. Gente assim é despesista, sim senhor, mas não é pecaminosa porque não é o termo - estou de acordo: podemos chamar-lhe calona, chula, azeiteira, ou coisa assim, que é linguagem mais apropriada.
E continua mais à frente o pai do Estado a que chegámos:
A Europa ultraconservadora que temos hoje, com apenas quatro Estados membros, dirigidos por socialistas, e 23 por conservadores, vão deixar-nos um triste legado.
Na fase em que Portugal está, só esta faria rir. A História mostra, Dr. Soares, que são os socialistas a deixar tristes rastos por onde passam - estamos a ver um neste jardim.
Algumas linhas adiante, deparamo-nos com esta:
A chanceler Merkel quer impor sanções aos países que não cumprem as metas financeiras, com multas e mesmo perdas de fundos estruturais. Pensará que a Alemanha, por ser rica e ter tido êxito na sua política de exportações, é a dona e manda unilateralmente na União?
A Alemanha é rica e tem êxito na política de exportações porque trabalha, investe e arrisca; não porque lhe saiu o Euromilhões, ou foi objecto da "solidariedade" de El Rei D. Manuel. E não manda na União Europeia, mas é quem paga o grosso da fatia quando países como a Grécia e Portugal pifam, Dr. Soares. Quem paga a conta tem uma palavra a dizer, ou não?
E termina assim camarada Mário:
Tudo mudou, até, por estranho que pareça, o FMI. Assim, atrás de tempo, tempo vem. Não nos deixemos convencer pelos números, pelas estatísticas e pelas avaliações das empresas de rating, com que todos os dias nos bombardeiam. O que conta são as pessoas e as ideias inovadoras que vão tendo. Desde que tenham bom senso e sejam exequíveis.
Tudo mudou, até, por estranho que pareça, o FMI. Assim, atrás de tempo, tempo vem. Não nos deixemos convencer pelos números, pelas estatísticas e pelas avaliações das empresas de rating, com que todos os dias nos bombardeiam. O que conta são as pessoas e as ideias inovadoras que vão tendo. Desde que tenham bom senso e sejam exequíveis.
Porque não nos preocupámos com os números, com as estatísticas e com as avaliações das empresas de rating é que chegámos onde chegámos. Porque alguém, putativamente responsável, disse que há mais vida para além do défice e fez escola, é que demos com o burro na água e a Alemanha da Senhora Merckel arreia a jiga. O que conta são as pessoas e as ideias inovadoras que vão tendo, desde que tenham bom senso, é verdade. Mas infelizmente, bom senso é o que lhe falta Dr. Soares.
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