O Homo sapiens actual vive atormentado com muitas coisas: o aquecimento global e os potenciais efeitos diluvianos daí decorrentes; o possível uso destemperado da energia nuclear; a escassez de água potável e o seu estúpido consumo em autoclismos e campos de golf (a mesma coisa na prática); a poluição dos oceanos e a extinção de espécies marinhas indispensáveis para alimentar boquinhas a morrer à fome; blá, blá, blá.
Mas uma pergunta não sai da cabeça do Homo sapiens: há mais gente no universo, além dele? Quando falo em gente, refiro-me naturalmente a seres pensantes com livre arbítrio, capacidade de decidir entre um comportamento e outro, e valores, ou seja, um código ético. O problema existe e não é fácil entender tal obsessão. Tenho uma teoria que deve ser estúpida, mas tenho uma teoria.
Então, em minha opinião, o homem olhando à volta para o universo,
acha complicado aceitar que tudo aquilo foi feito para o presentear - assim
como uma grande quinta - e que tem pouco interesse tanta trapalhada porque
ele vive suficientemente entretido apenas com o caso das secretas, a derrota de
Portugal frente à Turquia, a pouca vergonha do BPN e outros eventos menores à
escala cósmica. Não faz sentido, caramba! A ser assim, é claramente um caso de
excesso de despesa para tão pouca gente! Tem de haver mais alguém por aí, sem
qualquer dúvida.
Por isso, nos anos recentes começou a busca de planetas
fora do Sistema Solar e a caça tem sido proveitosa, com planetas a aparecer a
cada virar de esquina. Os astrónomos estimam que cada estrela que nós vemos e
ainda aquelas que só eles vêem, tem em órbita uma média de 1,6 planetas, o que
significa que há milhares de milhões de planetas por esse mundo fora. E muitas estrelas
fazem pendant com planetas rochosos, condição importante para albergar vida
segundo parece. E também que muitos planetas estão à distância adequada da
estrela para terem temperatura óptima que assegure existência de água no estado
líquido: nem muito quente, porque nesse caso só há vapor, nem muito fria, circunstância
em que só há gelo. Portanto, é capaz de haver inteligências um pouco melhores
que as dos governantes aí por qualquer lado do espaço celeste.
Actuando em conformidade com isto, astrónomos
australianos a quem não interessam os desaires de Paulo Bento e da selecção
nacional portuguesa, andam entretidos a espiar os satélites de uma estrela
chamada "Gliese 581", apenas a 20 anos/luz de nós, que tem seis planetas
associados, verdadeiras super-Terras, dois dos quais estão em zonas de
temperatura habitável. Usam detectores de ondas de rádio mas, até agora, nem
raspas.
Chegados aqui, é altura de manifestar a minha estranheza
com o método usado. Os astrónomos estavam à espera de quê? De detectar sinais
de rádio, talvez da TSF lá do sítio, ou algum walkie-talkie da polícia? Mas tem
de haver TSF para sabermos se há gente? Se bem percebo a notícia, cheira-me a
jericada. Porque não tentam eles ouvir directamente a voz de algum deputado
mais exaltado no parlamento de lá? É que há dias e horas em que se os nossos vizinhos
cósmicos estiverem atentos e usarem um funil, conseguem ouvir claramente as
peixeiradas de S. Bento. Falta de lembrança é o que é!
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