O mundo perde água potável a uma velocidade notável e preocupante. Na região saariana e na África sub-saariana os reservatórios da água estão contaminados por agentes de doenças bacterianas e parasitárias que tornam impeditiva a sua utilização. Na Rússia, o Mar Cáspio e vários lagos tiveram um declínio brutal nos últimos 25 anos, devido ao acréscimo da evaporação provocado possivelmente pelo aumento da temperatura ambiente, e ao uso na irrigação de terras de cultivo. As populações de muitas áreas da Terra migram, à procura de água, para locais onde os aquíferos de pequenas dimensões estarão esgotados em menos de 100 anos, se não forem contaminados antes de acabarem. A China, a Índia e grandes áreas da Ásia e da América do Sul enfrentam problemas gravíssimos com as doenças provocadas pelo consumo de água contaminada e com a escassez de fornecimento a uma população a crescer a ritmo alucinante.
Não tarda que comecem a surgir problemas políticos graves,
se não mesmo militares, entre nações que compartilham rios e aquíferos. A
Turquia construiu um empreendimento hídrico que prejudicou gravemente o
abastecimento do Iraque mas, por enquanto, as coisas não têm passado de troca
de palavras, sem tiros. Portugal tem tido problemas menores – por enquanto
– com a Espanha precisamente nessa matéria.
A tendência geral é tal tipo de conflitos vir a ter
importância crescente na vida internacional. Curiosamente, fala-se pouco disso.
Porque será?
A resposta é óbvia: não há investimentos vultuosos do grande
capital na água. No dia em que ela valha mais que o petróleo nas bolsas de
valores, a guerra rebentará. A partir desse momento, não ouviremos falar de
outra coisa: mais do que se ouve sobre a selecção nacional!
.
Sem comentários:
Enviar um comentário