sexta-feira, 15 de junho de 2012

A GLÓRIA ETERNA

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Woody Allen disse um dia  não querer tornar-se  imortal através da  sua obra, mas antes ser imortal não morrendo. Aqui está uma afirmação para pensar.
Custa a compreender a preocupação de muitos, particularmente gente superior, com a impressão digital deixada neste mundo. Não que seja indiferente ser lembrado como bandido ou santo. Mas é assim tão importante deixar a imagem planetária de grande herói, artista ou  intelectual, em vez de ser recordado apenas por alguns amigos e vizinhos como pessoa de bem?
A questão em análise parece poder ver-se de duas perspectivas. A primeira diz respeito aos que acreditam na vida depois da morte. Ninguém sabe como será, mas é pouco provável as glórias terrenas póstumas contribuírem alguma coisa para a tornar mais feliz. A segunda é a dos que não acreditam na outra vida,  acabando tudo  no passamento. A esses, seguramente,  não vai aproveitar grande coisa a fama e o prestígio eterno na Terra.
Dir-me-ão que as coisas não podem ser postas assim. Antes de continuar, devo esclarecer que, quando ouço numa discussão alguém afirmar não poderem as coisas ser postas de certa maneira, fico com a certeza ser mesmo dessa maneira que devem ser postas, pois é incontestável tal maneira; e que o chavão da impossibilidade é única forma do outro contendor se manter em pé.
Admito que a ideia de vir a ser lembrado como  contribuinte importante para  a felicidade humana conforte a pessoa antes da morte. Depois da morte, irá provavelmente, ser irrelevante. Não imagino ninguém, depois de marchar, a mostrar no além o certificado do Prémio Nobel, o Óscar da Academia Americana do Cinema, a medalha da Ordem da Torre e Espada do Valor Lealdade e Mérito, o Osservatore Romano com a respectiva santificação  e coisas assim. E também aos que acham serem apenas pó de estrela a regressar ao pó da dita, não vai servir muito. Imortalidade na Terra, na verdade, só como Woody Allen quer.
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