quinta-feira, 7 de junho de 2012

HERÁCLITO DE EFESO

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Ando claramente sob o jugo opinativo do Dr. Soares porque os gregos não me saem da cabeça. É pena que ninguém pague as dívidas helénicas, de forma a libertar-lhes o espírito para se ocuparem da civilização mais algum tempo. Era um investimento que faria medrar o conhecimento colectivo, em benefício de todos, quiçá resolver a crise europeia. Hoje debrucei-me, salvo seja, sobre Heráclito, o pensador.
Dizia ele que ninguém toma duas vezes banho no mesmo rio - essa coisa da água corrente, o rio sempre a mudar, blá, blá, blá. Está certo, acho eu.
Pensando bem, Heráclito nem sequer podia dizer que tinha tomado banho no rio. O fluxo incessante do universo, de que o pensador era parte, fazia que quando saísse da água já não fosse o mesmo que lá tinha entrado. Tudo mudava e muda a cada fracção de segundo, incluindo Heráclito, cujos quarks, leptões, bosões e demais cangalhada subatómica fluíam e ainda andam por aí a fluir. Quando o pensador abrisse a boca para falar do banho que tinha tomado, estava a dizer uma mentira: quem tinha tomado banho era outro cidadão, curiosamente também ele chamado Heráclito, mas não aquele que mentia nesse exacto e preciso momento.
Onde está a cangalhada subatómica de Heráclito agora? Ninguém sabe, mas anda por aí. Parte talvez numa gaivota, parte num saco de plástico do Pingo Doce, parte em mim, no Zezito, no Relvas, sei lá. Deve ser isso que chamam reincarnação. Há cada coisa!...
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