sexta-feira, 1 de junho de 2012

O OLHO DA CRISE

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Há crise em Portugal, há crise na Europa, há crise no mundo – não há dúvida. Face a tal quadro, é preciso perceber porque há crise, fazer o diagnóstico etiológico para o tratamento ser eficaz. Só assim de pode combatê-la. Descrever a crise, falar dela para dar “palha” aos jornalistas ou para protagonizar um papel, não adianta. É ruído inútil que só atrapalha.
Porque falo assim? Porque li hoje uma pérola retórica do Dr. Jorge Sampaio, Alto Representante do Secretário-Geral das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, em cuja qualidade acha necessário dizer qualquer coisa. Foi assim: “Costumo dizer que esta crise não é só uma questão de números, de orçamento e de financiamentos. No centro da crise estão pessoas - pessoas que temem pelos seus empregos, que receiam pelo seu futuro; no centro da crise estão cidadãos que começam a ficar dominados pelo medo, pela desconfiança e pelo ressentimento, uma mistura explosiva a que há que saber dar resposta” (fim de citação).
Daqui endereço a manifestação do meu mais profundo reconhecimento ao Dr. Sampaio pelo esclarecimento, redundante e inútil. Redundante porque já todos tínhamos percebido o que, parece, o Dr. Sampaio só agora percebeu. E inútil porque não resolve nada, nem sequer contribui para resolver; pelo contrário, é ruído que atrapalha.
Gregório Marañon, distinto médico e fisósofo espanhol, referindo a profusão de publicações médicas cujo principal papel era o de se citarem umas às outras, concluía pedindo que quem não tivesse nada de novo e importante para comunicar, se abstivesse de falar e escrever. Deste modesto lugar, chamo a atenção do Dr. Sampaio para a ideia de Marañon. Por favor, Senhor Alto Representante do Secretário-Geral das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, cale-se e fale só quando tiver alguma coisa útil para dizer.
Os meus agradecimentos pela atenção que queira dispensar-me.
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