segunda-feira, 11 de junho de 2012

O ZEZITO FUGIU E NUNCA MAIS NINGUÉM O VIU

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Como disse ontem, a  conversa dos economistas é para ouvir com reserva.  Com mais reserva ainda, a conversa dos políticos sobre economia;  especialmente quando são de esquerda. Reserva total quando o político é de esquerda e do calibre do grande Mário Soares. A tal calibre não preocupa o rigor -  nem sobre economia, nem sobre nada em boa verdade -, apenas preocupa o que melhor e mais primariamente serve a demagogia e o seu clubismo político-partidário. Olaré!
Ontem comentava o artigo de José Gomes Ferreira, de todo contrário à corrente de opinião prevalecente. Hoje falo a propósito do artigo de João César das Neves publicado no "Diário de Notícias". Sei que as pessoas não têm muito tempo e disponibilidade para lerem a tralha toda que sai nos jornais e, por isso, transcrevo a seguir os passos mais importantes. Ver-se-á que as coisas, provavelmente, não são tão lineares quanto pretendem fazer-nos querer. Não tenho opinião formada sobre a matéria porque é complicada. Mas uma coisa digo: salvai-nos, Senhor, das políticas expansionistas dos socialistas. O Zezito fugiu, fugiu, e nunca mais ninguém o viu, como diz a canção. Olaré!

[...] O país não aguenta mais austeridade", "O programa de ajustamento está a falhar". Frases como estas são crescentemente subscritas. A cada passo se repete que a receita não funciona, Portugal não voltará aos mercados em 2013 e a Alemanha tem de exigir menos aos pobres lusitanos. [...]

[...] Primeiro, seria bom saber como podem ter tanta certeza no que dizem. Se os últimos anos mostraram alguma coisa foi a dificuldade em fazer previsões num meio tão volátil e complexo. Tantos já anunciaram a grande depressão, o fim do euro, convulsões sociais em Portugal e várias desgraças que nunca se realizaram. Por outro lado ninguém conseguiu antecipar a verdadeira trajectória. [...]

[...] Portugal tem, quando muito, seis meses de austeridade a sério. Não é possível fazer já balanços. Década e meia de alegre endividamento a custos baixos, aproveitando os descontos do projecto do euro, trouxe a nossa dívida externa bruta de 28% do PIB em 1992 para quase 250% hoje. [...]


[...] Portugal passou 2009 em delírio eleitoral, subindo loucamente a despesa, e viveu 2010 em enganos, com sucessivos PECs falhados. Após esgotar todos os expedientes e levar a negação aos limites do possível, só a 6 de Abril de 2011, quase três anos após o colapso, se assumiu a necessidade da verdadeira austeridade. Ainda foram precisas eleições, aprovar o programa do novo Governo a 1 de Julho e rever o orçamento a 26 de Agosto. Ou seja, apenas nos finais do ano passado começaram as verdadeiras medidas. O aperto que tantos já consideram demais ainda mal começou. Um ano de programa, do qual pouco mais de metade de verdadeiro corte, é ridículo como austeridade.  [...]

[...] Tudo isto mostra também como a questão é alheia à Alemanha. Foram os nossos erros, não as exigências germânicas, que obrigaram à reforma. Atirar as culpas para Merkel, FMI ou banqueiros americanos seria tolice se não fosse rematada desonestidade. Qualquer análise séria e ponderada mostra que, por muitos erros que essas forças tenham cometido, e não estão inocentes, as principais culpas das dificuldades portuguesas, como gregas, espanholas ou italianas, ficam em casa. [...]
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